terça-feira, 1 de setembro de 2009

Um dia virás...

Durante anos e anos, odiei-te, corpo,
maltratei-te, culpando-te de tudo e nada!
Até decidir que nunca ninguém seria mais,
ou maior que eu mesma...
Agora, corpo, que mudas a cada instante,
vejo este meu reflexo sem me reconhecer
nas formas que se arredondam...
Sei, no entanto, que esta é uma causa nobre,
e que a espera faz parte de um caminho,
percorrido a dois que, cedo, serão três.
Sinto-me feliz, maravilhada e perdida...
E sei que agora, com pertença,
existirá alguém que será, para sempre,
mais e maior que eu mesma!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Amanhãs

Sinto-te em mim. Nesta nova vida que criámos.
E penso no amanhã - muito diferente de hoje...
Seremos os mesmos? Ou este pequeno nós
tornará tudo completamente estranho e novo?
Será mais uma ponte que nos une ou distância?
Amo-te com todo o meu ser, sem limites ou pudor!
Amo a tua doçura, o riso, a impaciência, a tenacidade,
a forma como transformas o mau em bom,
e sei que tudo isso fará de ti o melhor dos pais...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Fazes-me tanta falta!

Não consigo parar de pensar
na falta que me fazes...
Deito-me, numa cama larga e triste,
viro-me, reviro-me, estico, encolho,
e pareço nunca encontrar posição!
Acordo a meio da noite e não te sinto!
Neste frenesim das minhas hormonas,
chego a verter uma ou duas lágrimas...
Os meus dias arrastam-se, sem ti,
entre reuniões, emails, problemas, tédio...
Sinto falta do sol, que quase não vejo,
dos saltos dos cães, imparáveis,
da felicidade que a Malu perdeu,
do teu toque e do teu olhar mutante,
ora verde, ora azul, ora cinza,
dessa língua que me esforço
por tentar finalmente aprender,
de me enroscar no sofá
com a cabeça no teu colo.
Sinto falta do quão bonita fico
quando estás por perto...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Missing you

Sem ti é tudo tão menos...
Menos alegre, menos intenso,
menos colorido, menos descansado...
Faltas-me nos mais pequenos gestos:
quando me preparo para deitar,
ou quando acordo a meio da noite,
quando entro nesta casa estranha,
quando me visto e dispo...
Levanto sempre os olhos à procura,
e depois lembro-me que não estás...
Tento que dias e noites voem,
e até te encontrar novamente,
vivo um tempo de batota,
em que 24, nem sempre são 24,
porque as horas esticam e encurtam!
Até breve meu amor...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Para ti...

Meu doce amor de sorriso gaiato,
Eu sou assim, um turbilhão...
Da felicidade à tristeza e volta,
chegam a ser dez segundos!
Ter as emoções sempre à flor-da-pele,
faz-me querer, recear, amar, sonhar,
mais intensamente que muitos.
Mas nestes dias quentes e lentos,
em que só o pensamento mexe,
chego a perder-me nas minhas ideias
- descubro fantasmas e medos!
Não penses que te amo menos,
ou que duvido do que sentes,
apenas me sinto mais exposta,
mais frágil, mais vulnerável...
Mas sendo quem sou,
sei que esta fraqueza será força
e o amanhã voltará a ser nada mais
que um novo dia a vosso lado...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Assim é a vida...

Por momentos hesito...
Sinto-me só, sem rumo.
As cores parecem escuras,
como se tivesse anoitecido
sem que me desse conta!
Creio que me tinha esquecido...
Amanhece, escurece,
torna a amanhecer...
Assim é a vida - cheia:
bom, mau, assim-assim!
Dias cinzentos, noites coloridas,
noites cinzentas, dias negros,
dias azuis e noites em branco!
Tantas as combinações...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Saltibanco

Os dias passam quase sem o sentirmos
num instante é tempo de regressar,
à cidade grande, barulhenta e apressada,
aos passeios a duas pela calçada poluída,
ao trabalho que já não traz alegria...
Um, dois, três, quatro e volto
a saltar para o comboio direita a ti,
ao sol, aos meus e aos teus, à preguiça,
aos passeios a dois pela areia das praias,
ao pão acabado de sair do forno...
São dois dias em que me reencontro,
em que a alegria me brota sem esforço,
e em que apenas me pesa sabê-los finitos
e não ter a presença da minha amiga,
peluda, barulhenta e desobediente,
mas que não trocaria por outra!
É uma vida dividida, de saltibanco,
com a mala sempre meia-feita,
a empurrar horas, minutos, quando só
e a querer que parem quando contigo...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Tenho-te a ti

Em cada momento de dúvida, tenho-te a ti.
Quando fico triste, reencontras-me o sorriso.
Os teus beijos quentes desaquietam-me o corpo
e aquietam-me a alma, em calma turbulência,
paixão doce e insana, emotiva e sensual.
Existe em nós um bem-estar natural,
um conforto que sobrevive ao silêncio.
A distância, tornou-nos mais próximos,
e cada momento a dois é precioso, belo,
pleno de aventura ou apenas quietude!
Quando os nossos olhares se cruzam
o mundo parece tão melhor à nossa volta...

O agora

Dou por mim cheia de medos e fantasmas;
a minha carapaça fortalecida, agora mudada,
amolecida, sem que o tenha podido evitar...
Faço força para que nada a atravesse,
nada me arranhe os dias, mas não consigo!
Parecem existir sempre mais momentos,
mais armadilhas, gritos, questões,
do que aqueles que consigo travar!
Sinto um cansaço tal, por vezes,
que me adormece os sentidos e o querer.
Espero que o tempo me faça diferente,
me deixe que a pele engrosse uma vez mais,
e me permita voltar a gostar de cada instante,
- mesmo dos que nada têm para se gostar...

terça-feira, 30 de junho de 2009

Voz muda

Queria deixar em alto-relevo
tudo o que sinto e penso,
mas a minha voz já não é muda.
Estes gritos de alma escritos,
outrora tão sós, tão meus,
sinto-os agora nús.
Segredos, se os tivera,
desvendados, tornados
de todos e para todos!
Assim é a amarga doçura
de ter quem se importe,
de não se ser só e anónimo.
Se pobre coitada eu fora,
quem quereria de mim
as emoções, os segredos, as palavras?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Pergunto-me se estarei doida...

Inundam-me os sentimentos:
euforia, espanto, receio, alegria!
A vida, sem aviso ou contemplações,
decide, conspira, transforma-se...
Ainda saboreamos uma novidade
e surgem outra e outra e outra!
Pergunto-me se estarei doida...
Mas o teu verde e doce olhar,
a tua mão segurando a minha
mostram-me que não estou só.
Sinto-a crescer em mim, em nós,
esta nova força, um novo amor,
uma revolução prestes a surgir,
e não consigo parar de sorrir...
Pergunto-me se estarei doida...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sei o que dirão, ou pensarão sem dizer,
mas já não me importam os demais,
porque hoje só nós contamos - tu e eu.
Tinha tantas, tantas ideias como certas,
e nesta vida cheia de certos e errados,
pensei ter cumprido todos os papéis.
Mas, contigo, descobri em mim novos quereres,
novos ritmos, novos tempos, e deixei-me ir,
guiada pelas tuas mãos e pelos teus olhos.
Não foi deliberado ou uma escolha consciente,
foi um deixar ao acaso, deixar a vida correr.
Não existiram, nem existem, plano ou estratégia,
e não tenho qualquer certeza para o amanhã
- apenas sei que o quero viver plenamente!

Beijos

São tantos os beijos que te dou,
carícias, sussurros, sorrisos,
sem que os possas sentir ou ver...
Tendo-te em dias e horas contadas,
sobra-me este mundo imaginário,
onde distância e tempo não moram!
Para me perder nestas fantasias
basta-me cerrar os olhos, os ouvidos
e nada, nem ninguém nos incomoda.
Penso em ti e sorrio, porque
não sei ser triste quando te sonho...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O passar do tempo

Pensei que o passar do tempo
podia demonstrar-me engano:
este querer, eu a ti e tu a mim,
ser pouco mais que solidão...
Mas o tempo passa e o coração
mirra cada vez que me despeço
e explode cada vez que te vejo.
Risco cada dia da semana,
como uma condenada à clausura,
e corro para os teus braços
assim que a vida me deixa.
Não há engano, desespero ou solidão,
por detrás deste forte amor.
É todo química, paixão, verdade,
respeito, admiração, carinho...
Tem todos os condimentos
da lonjura de anos e anos!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Estranho este querer tão profundo,
pergunto-me de onde vem, onde vai...
Outras vezes nem me pergunto nada,
limito-me a querer-te e a esperar
oportunidades para momentos a dois.
Construimos, dia a dia, perto ou longe,
esta trama de estórias, gentes e lugares
- os meus, os teus, e agora os nossos.
Este querer é tão cheio de serenidade,
por saber que a balança não pende;
tão cheio de loucura, força, energia,
porque os nossos corpos o ditam;
tão cheio de luz, alegria e coisas novas...
Quando penso em ti sorrio e nada me assusta.

Sonho o verão...

Dou por mim perdida em mil e um pensamentos, quase lagarto, de movimentos lentos, insinuantes...
Mas o sol, lá fora, ajuda à desconcentração!!!
Penso em praias e mar, nas gotículas que ficam, ao sair da água depois de um soberbo mergulho; na sensação do sol na pele, que vai escurecendo e na fina camada de sal, culpa de gotas evaporadas.
Penso em sumos frescos e numa sombra ligeira, a brisa, do fim do dia, refrescando a pele quente, e o cheiro a côco dos protectores e bronzeadores.
Sonho os gelados, heróis dos dias mais quentes, o cheiro dos grelhados e das saladas de verão, os caracóis, o pão e a cerveja que já não bebo!
O milagre do sol através das pálpebras cerradas, que nos faz pensar em sítios mágicos, belos, enquanto o som do mar, com o seu vai-e-vém, nos embala, hipnotiza, e faz esquecer tudo o resto...
Abro os olhos, olho em redor e, horror dos horrores, percebo que apenas sonhava, agrilhoada a uma secretária!!!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Negros queixumes

Sem o sol, que me afasta as penas,
fico à mercê de todas as sensações;
hoje tão cinza como estas nuvens!
Num grito de alma, silencioso,
porque aqui não me deixam gritar,
cerro os olhos e fujo para longe.
Longe deste lugar escuro e frio,
onde perco os meus dias,
torno a sentir-me verdadeira e una.
Em dias negros, que me embrulham,
como um celofane turvo e feio,
queria poder andar para trás
ou mesmo andar para a frente
iludindo o tempo e este negrume...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Amanhã

Olho para trás e vejo
uma vida cheia de finais
e enormes recomeços.
Audácia, receio, ignorância,
e verdadeiros golpes de sorte
arrastaram-me até aqui.
Por uma vez sei o que quero,
sei quem e quanto quero;
mas neste tortuoso labirinto,
de histórias misturadas
e memórias perdidas,
não encontro o caminho
que me leva até ao amanhã.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

As minhas férias

Neste tempo lento, de quem faz muito pouco, mostras-me os recantos do velho Algarve, aquele que não vem nos postais ou folhetos turísticos: a serra verde, quase inóspita, as inúmeras casas perdidas que apetece reconstruir, as praias sem enchentes de gente sôfrega de sol, um mar revolto, imponente, lá bem no fim da terra.
Cheios de silêncios cúmplices percorremos quilómetros de estradas esquecidas ou debravamos caminhos que quase só se adivinham, e o meu coração vai-se enchendo destas imagens.
As nossas refeições são momentos brincados, cheios de ingredientes inesperados, onde surgem novos sabores; divertimo-nos descobrindo as afinidades e diferenças...
Não é o destino exótico que inicialmente planeámos, mas redescobrir esta terra, a teu lado, transformou as minhas férias numa memória inesquecível.
Na volta à cidade, levo a pele dourada pelo sol e a vida revirada por estes amores: tu e o Algarve!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sinto-lhes a falta

Sinto a falta das minhas amigas,
das risadas à volta da mesa,
das conversas atrevidas
e perguntas indiscretas...
Vejo-nos, como éramos antes,
e sinto o cheiro das praias
nos longos verões partilhados.
Recordo lágrimas, risos, segredos,
dramas que nunca o foram,
mágoas das que nem deixam marca.
Lembro amores, paixões e desamores,
as primeiras saídas nocturnas,
os bares e as discotecas.
Tantas loucuras que me aturaram!
Sinto a falta das minhas amigas...
Nestas vidas trocadas e corridas,
nem conseguimos encontrar
um pequeno momento nosso!
Um almoço ou mesmo lanche,
um jantar, um café ou um nada,
apenas dois dedos de conversa...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sonho colorido

Enrosco-me na cadeira,
o olhar fixo no ecrã,
e sonho...
Sonho dias sem reuniões,
sonho que não estou presa
num inferno cinza e laranja;
sonho cores imaginárias
que nem sei descrever;
sonho um par de asas
que me levam a terras distantes;
sonho horas de sol e de chuva,
nuvens que aqui não vejo,
flores e árvores do jardim...
Sonho-te a ti sem distância,
céu e mar à nossa volta
e a areia rolando sob os pés,
colados num beijo sem fim...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A serra

Sentados no teu cavalo mecânico,
abraço-me a ti e saímos à aventura.
Descobrimos caminhos de terra,
carreiros perdidos, esquecidos,
quase não trilhados por gente.
A adrenalina em perfeita medida:
nem de menos, para que não entedie,
nem demais, para que não assuste.
Tento abarcar e gravar na memória,
os detalhes, os cheiros e as cores
destes sítios que vamos deixando...
Passamos por todos os tons de verde,
escuro, claro, amarelado, azulado,
em ervas, arbustos, giestas, árvores.
O aroma adocicado da vegetação,
com salpicos de flores silvestres,
em arbustos de ervas de cheiros.
No cimo de cada cerro, perco o fôlego,
a vista estonteia, espanta-me,
nesta paisagem bela e agreste.
No Algarve que poucos conhecem,
sem praias, turistas ou frenezim,
apenas a serra e os seus...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pequeno sonho

Sonhei uma vida, nova, por estrear,
dei-lhe forma, criei-a, fi-la minha.
Enchi esta vida de mim e de ti,
com pequenos nadas de amor,
coloridos, como um arco-iris.
Na loucura deste belo sonho,
perdi-me dos dias iguais,
do sol que nasce e se põe,
do trabalho, da casa, do carro.
Na loucura deste sonho,
esta vida, nova, por estrear,
é maior e mais bela que o sol,
maior e mais bela que o mar.
É ter um eterno verão...
E eu sou feliz, com sorriso grato,
por um pequeno grande sonho!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Salto no escuro

Num verdadeiro turbilhão
ideias vão e vêm, sem descanso;
tento desesperadamente fugir
mas o pensamento é veloz...
Olhando a minha vida,
colocada do lado de fora,
chego a assustar-me:
existe algo esquizofrénico
no sequência dos meus dias...
Não sei, nem quero acolher
uma vida simples e plácida,
sem impulsos e surpresas,
sem correrias e viragens,
sem urgências e emergências
sem riso louco e choro dorido.
Quero uma vida vivida, rica,
de sensações e sentimentos,
sem arrependimentos, receios,
cheia de paixão, amor e alegria.
Quero abraçar a loucura,
acreditar e saltar no escuro!
Se cair e as feridas surgirem,
sei que saberei curá-las...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Horas perdidas

Preguiçando sem desculpa,
penso em tudo e em nada!
Penso com lógica e acerto
e sonho o que nunca será...
Desbravo ideias, sensações,
analizo amores e desamores,
terapeuta de mim mesma,
apenas espero soluções!
Semicerro os olhos e vejo
um passado borrado, baço,
e, logo depois, o futuro.
Entre ambos fica o agora,
cheio de promessas e alegria.
A minha impulsividade indomada
e impaciência, guiam-me, cega,
no melhor e pior, sem rede ou GPS.
Quero viver cada dois dias em um,
quero que o tempo se desfaça
e siga as minhas instruções
para que o futuro e o presente
possam ser um só...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Grilhões

Sinto o meu presente agrilhoado
por um passado que já não existe.
Estou prisioneira de uma vida
que, embora, terminada há muito,
me quer arrastar para o abismo.
Esta luz que irradio gasta-se
numa escuridão, sólida, densa,
com que luto a cada dia.
Um suicídio a que assisto,
hora a hora, passo-a-passo,
sem forças, ou sequer, vontade
que me permitam pará-lo.
Não quero apagar o que vivi,
quero apenas que me deixem
viver a beleza inigualável
do meu presente...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Amor de dois em sete

De apenas quarenta e oito horas
fazemos a nossa semana!
Passeamos, amamos, rimos...
Com a sofreguidão do novo
e o conforto de algo antigo
- assim somos nós a dois.
Nem sei bem porquê ou como!
Criamos estas memórias partilhadas,
brincando com passado e futuro.
Memórias para os outros dias,
aqueles em que a distância nos vence...
Queria saber vencer o tempo,
poder atrasá-lo, adiantá-lo,
quando te tenho ou me faltas.
Queria saber vencer os kilómetros,
deitar-te a cabeça no meu colo,
e gastar esta ternura infinita.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Distâncias...

Minha doce descoberta,
meu querido, meu amor,
sinto a falta dos teus beijos,
das carícias e abraços.
Sinto falta das palavras,
docemente segredadas,
que me acendem o olhar.
Sinto falta de dançarmos,
esquecidos de tudo o resto,
num ritmo apenas nosso.
Se alguns dias fossem eternos
poderíamos passá-los juntos,
enlaçados em ternura.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Em casa

Quero correr até ti nesta alegria,
atirar os meus braços ao teu pescoço
e beijar-te incessantemente...
Beijos loucos e beijos doces,
sentindo a pele arder,
quase como uma doença.
O coração abandona-me,
rebentando-me no peito!
Falta-me ar, sobeja-me vida.
Passas-me os braços pela cintura
e elevas-me aos céus, sem esforço,
como se me soubesses há muito.
Tens a mesma loucura e doçura...
Tens dois olhares, dois toques,
dois sorrisos, dois quereres.
Embrulho-me no teu corpo,
como um manto de aconchego
e sinto-me em casa, finalmente!

terça-feira, 28 de abril de 2009

You...

Sinto-me louca, doida de paixão!
Um verdadeiro amor adolescente:
grande, terno, inconveniente e lindo.
Não consigo parar de te tocar.
Beijo-te uma, outra e outra vez,
olhando os teus olhos verdes e perco-me!
Deixo de saber o tempo, o espaço
e quero que o mundo pare.
Quero poder ficar assim, em ti.
Quero que a distância se encurte,
os quilómetros se dissolvam
e poder estar contigo agora, já!
Um querer tão forte que sufoca,
acelera o coração vertiginoso
e entontece-me o sorriso...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Morte enunciada

Neste vazio de emoções,
nem consigo rever-me...
Sinto o frio de ser sem estar!
Densa névoa que cresce,
enchendo-me o coração vago.
O negro do luto por mim,
bordando o corpo desfeito,
escurece-me o caminho.
As mágoas nem me tocam
e não existe o que perder...
Apenas vazio, intenso vazio,
alimentado por anos e anos.
Serei o nada em que me tornei
sem a esperança de voltar
a ocupar esta concha vazia.
Acendei uma vela, duas,
por este coração morto, inerte
que não bate por ninguém,
nem sequer por mim...

Fogo frio

O medo tolda-me os sentidos;
quero tanto encontrar-te,
que quase receio que aconteça!
E se tudo não for além de
Uma fantasia maravilhosa?
Que poderei querer depois?
Por que milagre esperarei,
quando novamente só?
Quem me fará depois sorrir,
meu querido deus do fogo?
E se em ti não encontrar mais que
uma amizade estreita e doce,
ao contrário do que me prometem
a intuição e o coração?

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ele

Com um sorriso nos lábios
pelas promessas trocadas
aguardo o momento certo.
Teus olhos verdes fitam-me,
doces, envolventes, hipnóticos,
e não sei dizer-te que não.
Passo os meus dedos
pelo teu cabelo de fogo
e sei que serás meu.
Já o sabia de antes,
antes de nos tocarmos,
antes de nos conhecermos.
Estaremos longe novamente,
maldizendo o tempo e a distância
e imaginar-te-ei aqui, comigo.

domingo, 19 de abril de 2009

Fadas e dragões

Em noites encantadas
paira no ar o mistério,
uma névoa sobe do rio
e acorda as criaturas.
Criaturas boas e más,
fadas, gnomos e monstros
na Lisboa adormecida.
Olhando pela janela,
as ruas calmas e sós,
ninguém adivinharia!
Lisboa tem segredos...
Seres que se escondem
nas sombras de vielas,
sereias que sobem o rio,
dragões que pairam
sobre negras nuvens,
pequenas fadas cintilantes
que salpicam a água de luz.
Ao raiar da madrugada,
todos eles recolhem,
ao lar que os protege
- a minha imaginação!

O sussurrar do coração

Palpites, sonhos, intuições,
um empurrão inexplicável,
que parece vir de dentro...
Conduzida docemente,
sem a análise fria, lógica;
Com passos hesitantes,
num jogo algo arriscado.
Guiada por promessas
sussurradas em voz mágica,
vou apreciando o caminho.
Que maravilhas encontrarei,
nesta viagem inesperada?
Que pessoas e emoções
virão enriquecer-me?
Sigo esta melodia imparável,
sempre inaudível aos demais,
sorrindo, dançando e amando.

sábado, 18 de abril de 2009

Ressuscitando sorrisos

Tão simples recompôr um sorriso!

Ainda que comece por ser esgar,
que se vai rasgando e crescendo,
amor, humor e atenção são a cura.

Quando o silêncio fica abafado,
pelas palavras que se cruzam,
submergimos noutras imagens.

Esta doçura é incontornável,
E o sorriso abre, mais e mais...

Com tiradas inesperadas,
de humor assaz refinado,
o sorriso é, finalmente, riso.
Tanto, que nem conseguimos
sequer recordar o motivo
pelo qual o tinhamos perdido!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Bah para mim!

Na montanha russa que são as minhas emoções, existem pequenos padrões que tenho vindo a reconhecer.
Um deles é o facto de me sentir realmente mentalmente enfraquecida quando a minha saúde me falha. Em dias em que o meu corpo não responde a 100%, o meu cérebro perde a noção das cores e caminha vertiginosamente para um lugar negro, escuro, e torna-me captiva das forças negativas que emana.
É assim que me tenho sentido nos últimos dias... Incapaz de reencontrar a beleza da vida, que apregoava apenas há uma semana!
Caio numa letargia, que me suga as forças que me restam e sinto-me só, excluida do mundo.
A parte racional de mim, que subsiste com algum custo, sabe perfeitamente que o mundo não me está a excluir, que sou eu que me afasto e escondo, mas as emoções não querem saber de lógicas! Sentimo-las e pronto!
A minha grande conquista, nos últimos tempos, foi perceber que não vale a pena lutar contra estes sentimentos. É uma batalha perdida, porque o meu lado irracional tem a força de mil homens, quando contrariado...
O segredo é atacar abaixo. Ajudar o sistema imunológico e o corpo a voltarem ao seu melhor. Aí, estou segura, vou voltar a ter alegria, força e energia! E o meu cérebro saberá voltar a produzir aquelas substâncias químicas que nos fazem sentir bem...
Portanto, vou entupir-me de fruta, vitamina C e tudo aquilo que contribua para me curar. E entretanto estou a ouvir a música mais simpática que aqui tenho, só para tentar que passe uma pequena mensagem subliminar, através da forte barreira de nevoeiro!

Estrelas

Fosse eu uma estrela cadente,
permitindo desejos fervorosos,
cruzando os céus em segundos,
brilhante, bela, para depois morrer.
As cabeças erguidas para me ver,
os deliciosos sorrisos de admiração
apontando-me à minha passagem,
a caminho de um fim prematuro.
Seria procurada, sinal de sorte,
para os que querem algo mais,
e acreditam em pequenos nadas
como verdadeiros sinais de grandeza.
Fosse eu uma estrela cadente,
gasta pelos milhares, milhões,
de anos a cintilar nos céus,
plena de mistério e calor...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Silêncios que gritam

Há dias de cansaço e solidão,
dias em que o tempo amarga,
se arrasta, cresce e revolta
numa aliança com a tristeza.
São momentos vividos a um,
mortos, dolorosos, insistentes,
sem as vozes para os encher
e sem o sono para os gastar.
O sol aparece e desaparece,
numa pirraça insuportável,
juntando o frio a estas forças
que me esmagam a alegria.
Desfio músicas em busca da tal,
a que me vai colorir o dia,
despertando o sol em mim,
e aquecendo por dentro!
Mas nem lentas, fortes,
pesadas, clássicas, infantis,
parecem surtir esse efeito
neste dia de negras emoções.
Hoje, para que me alegrasse,
seria necessário algo mais,
nem creio que saiba o quê
ou se o conseguiria reconhecer...

terça-feira, 14 de abril de 2009

WWW

Passam-se minutos, horas,
sem que me dê conta...
Escrevo, procuro, brinco,
nesta rede virtual de vidas,
ligadas por um propósito
ou somente pela solidão.
Estarei apenas a adiar-me
numa fuga para a frente?
Ou será o sinal dos tempos
a criarem novas realidades?
Amigos, meros conhecidos
ou mesmo desconhecidos,
trocam piadas, tristezas,
palavras de alento, seduções...
Por estas noites dentro,
rindo e chorando sozinha,
sem que me possam ver,
dou apenas partes de mim.
Sem compromissos ou obrigações...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Grafitis

Numa parede branca
deixo-te recados, missivas,
palavras doces, amigas,
que saberão encontrar-te.
Quero que as saboreies,
estas oferendas que faço,
guardando-me na tua alma.
Numa parede branca,
bem à vista de todos,
grito os sentimentos,
grafito-os em cor negra.
Quero que lhes toques,
como se braille fossem,
sentindo-me na tua pele.
Numa parede branca,
que me convida a falar,
escrevo-te canções,
sem qualquer melodia.
Quero que as oiças,
para embalar os sonhos,
que te trazem até mim...

Encontros

Encontros entre estranhos,
cheios de silêncios e pausas,
medem-se gestos, palavras
- os nossos e os dos outros.
Queremos impressionar,
mesmo sem azimutes;
guiamo-nos por palpites,
e imagens que criámos.
Vazias de conteúdo,
as conversas superficiais,
são momentos lúdicos,
apenas por prazer.
E com estes jogos de sedução
plenos de brincadeiras inóquas,
pretendemos enganar a solidão,
criando ténues novos laços...

sábado, 11 de abril de 2009

Páscoa

Na confusão familiar,
de reuniões aguardadas,
misturam-se as vozes,
abraços, riso e carinho.
Matam-se saudades,
na ocasião para comer,
falar, trocar vidas e
aquietar ansiedades.
Sem corre-corre,
sem aqui e agora,
repouso e regalo
o corpo e a alma...
Nestes curtos tempos
amealho no coração
o suficiente para levar,
na volta aos meus dias.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Promessas vãs

Sem o querer,
acabo por cometer
os mesmos erros,
uma e outra vez...

Prometo não tornar,
e esqueço o prometido!

Que inferno me torno,
para mim mesma;
conheço o desfecho
e, ainda assim, avanço.

Penso que terei cuidado
e corro para o perigo!

Sendo, para mim, a pior
das amigas que tenho,
nem sequer dou ouvidos,
ao meu próprio conselho...

Digo-me que saberei,
mas o orgulho acaba ferido!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Deus

Entre eu e o meu Deus,
existem conversas mudas;
este Deus das aflições,
a quem peço auxílio,
quando não há mais nada!
Um Deus que nem sei
se existe, ou se o crio,
mas que me esperança,
quando já não acredito...
Um Deus diferente
de todos os demais,
sem altares,templos
ou mesmo intermediários.
Este Deus é, quiçá, apenas
outro eu, mais forte,
mais lesto e iluminado,
mera forma da sabedoria
que descubro em mim.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ginga

Dancei, dancei, dancei,
até as pequenas gotas
me enfeitarem a testa
num sinal de esforço.
Conto um, dois, três,
a cada toque do pé,
esperando não falhar
a batida da música...
Com um par hesitante,
descobrindo a ginga,
um passo à frente,
agora outro atrás.
Uma voltinha, curta,
para não fazer feio,
seguro-lhe os dedos,
giro e torno a girar.

Chuva

Voltou a chuva, gotas malditas!

A água das nuvens,
deslava sorrisos
e traz carrancas.

Arrastam-se os pés,
nesta fina lama,
e maldiz-se tudo
pela ausência do sol...

O interlúdio solarengo
e a roupa colorida,
culminaram neste
tão odioso desfile
de negros, cinzas,
gabardines bege
e guarda-chuvas!

Frio e feio,
o tempo estristece,
obrigando a forjar
esta falsa energia,
e enganar a vontade
de me aquietar, enroscada,
num qualquer sofá...

Ontem, numa esplanada,
roubei aos raios de sol,
a vontade de viver,
hoje será à dança.

E dançarei para esquecer,
a escuridão, as nuvens,
e o cheiro do alcatrão.

Em passos dançados,
entre voltas e rodopios,
esboço um sorriso,
e acerto, finalmente,
o compasso do coração!

domingo, 5 de abril de 2009

Noites

Em sítios onde já estive,
vejo pessoas, risos, olhares
a mudar com as horas...
Descubro, agora sóbria,
o que antes conhecia ébria!
Rio, danço, salto e canto,
sem pudor ou arrependimento,
porque sei que amanhã recordo.
As horas não são mais vãs,
as memórias estilhaçadas,
meros pedaços de vida;
cada manhã tem vivida,
a lembrança da noite,
a recordação de cada
pessoa, momento, lugar...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Os dias

Cada manhã traz a aventura,
a promessa de novo dia,
neste corre-corre apressado.
Sem tempo para acordar,
em gestos quase sonhados,
visto a pele de gente crescida!

Os dias gastam-se, iguais,
entre obrigações e deveres,
sem sentir o travo da vida...

Finalmente, cada entardecer,
devolve-me a mim mesma,
sem uma idade definida.
Esperando, sonhando,
com novos amanhãs,
intensos, explosivos,
sem a farda cinzenta.
Com a minha escrita
por companheira,
transformando os dias
em luzidios e apetecidos,
espaços de alma.

Sem disfarces ou subtileza...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Estranhezas

Quando o estranho se torna claro
e o que era claro deixa de ser,
sinto-me num corropio.
Os estados de alma girando,
como setas de catavento,
sem Norte ou Sul.
Perco e ganho ideias,
sem conseguir escolher...
Qual teria sido a melhor?
Olhos e mãos agitam-se,
existe em mim este tremor,
energia que não controlo,
que não me dá paz...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Virtual

Em brincadeiras virtuais,
criam-se cumplicidades,
urdem-se novas vidas.
A troca de pensamentos
e de falsas verdades,
faz-nos sentir maiores.
Insuflada de nadas,
cheia de coisa nenhuma,
nesta lista de faz-de-conta,
os amigos de ecrã,
contam-se, somam-se,
como camisas ou lápis...
Trocam-se fotografias,
palavras e sorrisos,
como se fossem tesouros.
Somos mais jovens,
extrovertidos, sedutores;
renascendo uma e outra vez
- tantas quanto quisermos!
Hoje sou maestro, amanhã policia...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Cidade encantada...

Calcorreio as ruas da cidade, com banda sonora escolhida.

A cada passo, sinto Lisboa a entranhar-se mais em mim!

Redescubro cantos e recantos, nesta terra de luz etérea.

Revisito espaços cheios de histórias; minhas, dos outros e dela.

Deslumbro-me, encanto-me, perco-me durante horas, sob o sol ameno da capital.

Vendo o Tejo, do alto de uma colina, a emoção assalta-me, e os olhos humedecem.

Soubesse eu cantar e entoaria um hino a esta beleza secular...

quinta-feira, 26 de março de 2009

Voltou!

O vento sussurra as notas
de uma melodia insistente:
as árvores ondulam, dançam,
as flores espreitam, tímidas,
e eu sorrio, trauteio e celebro.
Voltou, a mãe de todos -
a Primavera retumbante
de alegria, seiva, vida!
Sente-se um frenesim,
uma electricidade no ar;
os passos são mais lentos,
dançados, nesta nova luz,
que traz amor e calor.
O padrasto frio e distante,
que nos molha, arrefece
e afasta de tudo, voltará...
Mas agora, docemente,
ombreamos a felicidade,
olhando o céu, o sol e o mar,
meigos, calmos, amigos.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Voar

Entrego-me ao tempo...
Sei que estará comigo,
curando, remendando,
os rasgões de outra vida.
Segundas oportunidades,
quiçá as terceiras,
sem mistérios ou dores,
tecendo novos dias.
Uma estória que muda,
se restaura e recria,
lapidando a alma,
a cada novo momento.
Serei quem sonhei,
voarei sem grilhetas,
e a verdadeira plumagem,
exótica e deslumbrante,
poderá finalmente renascer.

terça-feira, 24 de março de 2009

Cores

Com a mente solta e um sorriso aberto, olho em volta e vejo o mundo em technicolor.

Cores, matizes, gradações, novidades tão variadas para quem só conhecia negro, cinza e sombras.

A cada novo dia descubro estas cores vibrantes que, estranhamente, nunca vira antes.

Amarelos canário, azuis de céus e mares, encarnados intensos e tantas, tantas outras!

Quero guardar em mim tudo o que agora vejo, deixando que a alma se inebrie de côr e seja impossível tornar a ficar cega!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Surpresas

Que estranha a vida...
Quando a pensamos
controlada, domada,
escoiceia e fere,
sem qualquer aviso!
Quando a sentimos
indomável, rebelde,
impossível e insuportável,
surpreende-nos,
oferecendo sonhos,
amigos, amores!
Pensar o impensável,
esperar o inesperado,
ou, melhor ainda,
nada esperar...
Aceitar que tudo
pode acontecer,
sem tentar lutar...

sábado, 21 de março de 2009

Emoções

A vida é tão mais doce
quando sentimos paixão!
As cores mais acesas,
os sons mais diluídos,
os movimentos suavizam-se,
como se dançássemos
ao som de uma música,
lenta, envolvente, repetida
vezes e vezes dentro de nós.
Apaixonada pela paixão,
confundindo sentimentos,
com desejos e vontades.
Criando uma teia
de ilusão, fantasia,
preenchendo o vazio
deixado por outro.
Neste vício de emoção
não sentir é não ser,
nem sequer existir.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Tesouros

Instantâneos da vida,
momentos capturados
pela retina e pela memória,
quais fotos baças,
carcomidas pelo tempo
e gastas de tanto toque.
Ver-vos, acorda em mim
a criança que já fui,
a jovem que não quis ser,
e a adulta ainda por
se conhecer.
Minhas amigas,
meus tesouros,
provas de quem sou
e de quem posso ser
se o quiser, se o souber.
Manhãs, tardes e noites,
vividas em comum;
como pode ter-nos
a vida feito tão diferentes?
Melhores agora,
do que outrora,
seremos sempre, sempre,
espelhos do passado
e amparos para o futuro.


Beijos para as melhores amigas que alguém poderia desejar... As minhas!

Shutdown e restart...

O que ontem era escuridão e tristeza, hoje é luz e alegria!
É essa a grande beleza da vida. Cada acordar é um "restart" ao sistema...
Em cada dia podemos ser quem quisermos ou pudermos, sem importar demasiado quem éramos no dia anterior...
Podemos vestir e despir a pele, vezes e vezes sem conta. E nada, nem ninguém nos pode deter, se assim o quisermos.
Estar com amigos verdadeiros enche o coração e faz-nos lembrar as coisas boas que a vida já nos deu. E, olhando para trás, não foram assim tão poucas!
Ainda que em determinados momentos o esqueça, adoro estar viva.
Angustiar-me, descabelar-me com as ninharias, deleitar-me com os pequenos e grandes prazeres, perder, descobrir e redescobrir amores, amigos, interesses, emoções, pensamentos...
Ontem flutuava por me sentir oca, hoje flutuo por me sentir feliz.

O céu caiu? Ou sou só eu?

Depois de um turbilhão de emoções, em que quase nem me dei tempo para as sentir, hoje sinto-me um bocadinho como se o céu se tivesse abatido sobre mim.
Estou cansada, tristonha e a tentar não me deixar levar por esta sensação de que, por mais que tente, nada é como gostaria que fosse.
Existem dias assim... Em que o pessimismo e os receios rondam como abutres, à espera que caia para possam finalmente deleitar-se.
Preciso fortalecer-me, encher-me das vontades certas e esquecer as acessórias. Parece tão simples! Mas hoje nada é simples...
As ideias agitam-se na minha cabeça, a uma velocidade que me deixa tonta, e quase paro de respirar. Como se estivessem a apertar-me sem deixar o espaço suficiente para que os pulmões façam o que sempre fazem.
Quero muito não me sentir assim, mas a angústia tem este efeito envolvente. Cola-se a mim e começa a entranhar-se sem que lhe consiga fugir.
Por dentro sinto-me vazia. Tão oca que uma rabanada de vento poderia arrastar-me.
Preciso de mim, mas hoje não consigo encontrar-me!

terça-feira, 17 de março de 2009

Obrigada

Numa dinâmica tão estranha,
em que quem ensina,
é quem deveria aprender,
vais-me empurrando...
Fazes-me redefinir
os limites de mim mesma.
Tornas-me maior, melhor!
Descubro forças,
que nem sabia ter.
Retomo caminhos perdidos
e sonho novos.
Esta versão luminosa
de mim mesma,
faz-me querer mais e mais.
Quando duvidares de ti,
lembra-te de mim...

segunda-feira, 16 de março de 2009

"Oops.. I did it again"

Escrever está quase a tornar-se um vício.
Aqui deixo o que penso, o que sinto e alguma fantasia à mistura, nunca deixando saber, ao certo, o que é o quê...
Por vezes nem eu própria sei distinguir entre sentimentos, vontades, desejos, trocando uns pelos outros, confundindo-me ainda mais, para depois trocar tudo de novo! Confesso que às vezes acho que não é fácil ser eu própria...
Dir-se-ia que o passar dos anos traria alguma sabedoria, algum conhecimento, certezas, mas apenas me trouxe o incómodo de ter 38 anos, falta de clarividência, dúvidas e um comportamento errático, oscilando entre a loucura e a sanidade, nunca conseguindo encontrar o meio termo!
Sinto-me como se estivesse num trapézio, que não pára, oscilando entre os extremos... Se parasse, seria exactamente no meio... tal qual a virtude!
Pareço estar fadada para a mítica "pata na poça". Figura de que, na realidade, nunca ninguém viu o original, mas da qual eu faço umas personificações magistrais. Seria bom, por uma vez, acertar nas palavras, dizer aquilo que gostariam de ouvir-me. Ser menos sagitário, enfim!
E esta mania de ter o que não posso! Hum... Um amigo disse-me que escolho situações impossíveis para evitar a vida! Mas acho que não sou eu que as escolho exactamente... Também não posso dizer que as situações me escolhem a mim, seria ridículo! Digamos apenas que, quando uma pessoa sensata bateria em retirada, eu fico parada, só para ver o que acontece depois. E depois... depois é demasiado tarde!
Como diria outra doidivanas "Oops.. I did it again"!

Tempo

Nunca sei quando ir ou ficar,
sou levada por este tempo,
que não é o meu,
sem saber porque o faço.
Não existe a sintonia do quando,
mas uma brincadeira de crianças,
jogando às escondidas.
Não existe a verdade,
mas apenas um jogo
de palavras dúbias.
Neste tempo circular,
repetindo padrões,
canso-me, perco-me.
Quero o meu tempo,
síncrono, ou não tê-lo!

domingo, 15 de março de 2009

Apenas letras

Sonhos, suspiros,
saudades, sorrisos,
silêncios, semântica.
Liberdade, luxúria,
lágrimas, labirintos.
Caprichoso, casto,
casual, categórico,
completo, censurado.
Permeável, pleno,
paradoxo, positivo.
Náufrago, necessário,
nobre, notável,
nocturno, nosso.
Tesouro, traiçoeiro,
tolo, transformador,
tépido, total!

Os meus dias

Os dias seguem-se, encarreirados, seguros do seu caminho. E embora estes dias se alinhem, numa recta da qual ainda não se vê o fim, quando passo por eles não existe qualquer sensação de geometria ou segurança.
Cada 24h formam uma montanha-russa, onde vou do riso às lágrimas, do desespero à esperança, do obrigatório ao proíbido. Solto-me e prendo-me, brinco e ralho, amo e ignoro.
Serão os vossos dias também assim? Ou, como me costuma dizer um amigo (num misto de espanto e carinho) sou apenas "doida"?
De tempos a tempos penso que gostaria de dias cheios de paz, serenidade, mas na verdade, acabaria por odiá-los!
Um pouco como quando vou visitar os meus pais e me regojizo com o silêncio, o ar puro, o canto dos pássaros, para três ou quatro dias depois ansiar pelo barulho, pelo ar poluído e pela vida fervilhante da capital...
Não saberia viver assim, com coerência, fazendo as coisas sempre da mesma forma.
Existe algo de esquizofrénico em mim! Não a doença mental, literalmente, mas a sensação de que não sou uma, mas várias. E cada uma delas sendo o oposto da anterior, vivendo numa luta cacofónica diária.
Vejamos: existem a pessimista, que me ensombra os dias, e a optimista que garante o resultado, a preguiçosa, que me entorpece, e a trabalhadora, frenética e imparável, a doce, carinhosa, e a agressiva, cheia de uma raiva contida, a sedutora e a tímida, a segura e a que espera sempre aprovação externa, a racional e a fantasiosa, que sonha com o impossível... e poderia continuar esta lista quase sem fim das múltiplas personalidades que se misturam em mim.
Por tudo isto os meus dias, mesmo quando vazios, de gente ou significado, são cheios de emotividade, de paixão, de raiva, de luta interior, por vezes até à exaustão.
Sei que estou no caminho para que as melhores facetas de mim ganhem mais e mais terreno, mas serei sempre emotiva, imprevisível e apaixonada, porque não existe outra forma de ser.

sábado, 14 de março de 2009

Jogo secreto

Queria poder guardar
bem dentro de mim,
cada sensação, cada tremor!
Por entre o silêncio
de gritos sem voz,
o tacto conduz-nos,
quando os olhos
deixam de ver.
A vida palpita na pele,
e o coração rebenta uma,
outra e outra vez.
Respiramos coordenados,
num mundo de fantasia,
cheios de intensidade,
força e ilusão.
É como se renascessemos
em cada noite,
plenos de cumplicidade.
Trocamos risadas,
confidências e pensamentos.
Quebramos barreiras,
para nos tocarmos.
Neste jogo secreto,
eu preciso de ti
e tu precisas de mim!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Ai...

Espero, ansiosa, porque não sei esperar. Espero por um telefonema, um sinal, para que a minha vida se decida, para poder melhor imaginar o amanhã. Quem não sabe esperar, tem sempre pressa que tudo aconteça, que tudo chegue, até o amanhã!
Penso como será quando o telefonema chegar, no que irei sentir se a resposta fôr uma ou outra. Penso no que devo fazer a seguir. Sim, porque em qualquer dos casos, o "a seguir" pode ser difícil. Receio o sim porque mudará tudo. Receio o não porque significa mais uma espera, mais um momento adiado na minha vida...

Coisas

Há coisas que deviam ser tão fáceis como um piscar de olhos.
Há coisas que, por tão difíceis, deviam trazer manual de instruções.
Há momentos em que vemos tudo tão facilmente e outros em que, dificilmente, um equipamento de visão nocturna poderia dar uma ajuda.
Há pessoas fáceis, pessoas difíceis, pessoas fáceis que nos tornam a vida difícil, pessoas difíceis que nos tornam a vida fácil.
Há pessoas que resolvem situações difíceis, fáceis, assim-assim e há pessoas que não resolvem coisa nenhuma.
Há animais fáceis e, por experiência própria, posso garantir que existem animais difíceis.
Poderemos nós escolher?
E se pudéssemos, como o faríamos? Tudo fácil? Tudo difícil? Ou preechendo uma matriz em que para cada um dos mínimos detalhes da nossa vida indicaríamos fácil ou difícil?
E seria fácil a escolha ou simplesmente ainda mais difícil?
E a verdade é que este texto, que pretendia fácil, tornou-se a cada linha mais e mais difícil...
Acho que vou ouvir música e tornar o meu dia difícil, numa noite muito fácil!

terça-feira, 10 de março de 2009

Rencontrar-te-ei... um dia.

Hoje revi-te em sonhos.
Os teus olhos cinza,
de mar revolto,
o sorriso trocista
e incómodo.
Voltei a sentir
a emoção, o tremor.
O coração acelerado,
quase rasgando
a carne!
Meu primeiro,
meu único amor!
Cravaste em mim
esse olhar indelével
e a marca do teu amor,
tão puro e grande
como o meu.
Quão difícil tornaste
ter espaço para outro
amor assim,
imenso,
intenso,
envolvente,
inolvidável.
Meu grande,
grande amor,
por onde andarás?

(Dedicado a um amor que sobreviveu a décadas de ausência)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Dúvidas

Hoje estou à mercê
de pensamentos
e dúvidas.
Perguntas que não faço
e respostas ausentes...
Confundindo emoções
com sentimentos;
ou será ao contrário?!
Fantasias, realidade,
misturam-se numa amálgama,
jogando e iludindo.
Este vazio que cresce
de dentro para fora,
é verdadeiro
ou uma sombra,
que imagino real?
Fujo para a frente,
enganando o destino?
Ou corro no seu encalço?
Terei coragem,
inconsciência,
ou apenas medo?
Conforta-me,
saber que amanhã
nada disto me interessará
e voltarei a viver.
Um dia, outro e outro,
vibrante, plena!
Porque esta sou eu...

Ruídos

Pequenitos nadas,
momentos insignificantes,
com o poder tremendo
de alegrar ou entristecer!
Um olá, um adeus,
um olhar ou trejeito,
uma palavra,
ou mesmo outra.
Eu digo, tu ouves,
tu dizes, eu oiço.
Seremos surdos,
ou a verdade
do que sentimos
está em cada pausa,
em cada palavra muda?
Existe uma diferença,
entre quem dá
e quem recebe,
onde um nada
pode ser tudo...

sábado, 7 de março de 2009

contos

A primeira vez que se viram foi numa noite calma de verão. Esperava uma amiga que, como sempre, se tinha atrasado.

Quando ele passou, cruzaram o olhar. Nada mágico, nenhum aperto no estômago. Embora fosse tão impressionante que a fez virar-se para o apreciar, eram apenas dois estranhos que se cruzaram numa cidade onde vivem tantos outros. A Rita chegou e não tornou a pensar nele. Não queria saber de homens, atracções, relações! Estava farta de desilusões, amarguras. Queria divertir-se, dançar. Sobretudo dançar!

Na discoteca, enquanto se abanava freneticamente ao som da música, espantando frustrações e tristezas, voltou a vê-lo.

Dançava bem. Seguro de si. Sem aquela vergonha de alguns homens que pensam que o facto de ter ritmo e sensualidade lhes pode colocar em causa a masculinidade!

Observou-o, de forma discreta, ou pelo menos achava que sim, até que Rita lhe dá um toque no ombro
- Rapariga, nem eu costumo ser tão óbvia!
Corou, protegida pelo jogo de sombra e luz que as envolvia.
-Não sei do que falas... Tentou disfarçar.

Ele aproximou-se, ainda dançando, e agarrou-lhe a mão. Dançaram juntos, ao mesmo ritmo, os corpos tão perto e sicronizados, que pareciam um só. Durante horas não trocaram palavra e, embora quisesse vê-lo, evitava-lhe o olhar. A a timidez sobrepunha-se à vontade!

Quando ele se inclinou, para lhe dizer qualquer coisa, fugiu. Refugiou-se na casa de banho, cheia de raparigas e mulheres, retocando maquilhagem, trocando confissões, ou apenas esperando, numa dança contorcionista, até que a sua vez chegasse.

Esteve ali uns largos minutos, desejando que Rita se tivesse apercebido da manobra de recuo. Mas a amiga não aparecia e acabou por ter que sair para procurá-la.

Mal cruzou a porta sentiu uma mão no ombro.

- Estás bem? Desapareceste tão depressa. Fiquei preocupado.

Durante dois segundos, que lhe pareceram muito mais que isso, ficou imóvel, sem se virar, pensando o que poderia responder. E apenas lhe saiu um atabalhoado

- No portuguese. No speak.

Ele repetiu-lhe as mesmas palavras em inglês, primeiro, depois em francês, italiano, espanhol...

Já mortificada, porque não conseguia mentir, atirou-lhe com um

-Me go. E fugiu novamente.

Encontrou Rita e obrigou-a a correr toda a noite, num jogo infantil e ridículo, em slalom pela pista cheia, apenas para conseguir evitá-lo.

Quando finalmente se fartaram e deram a noite por terminada, foram buscar os casacos.

O empregado perguntou-lhe quantos casacos eram e depois de responder, virou-se para confirmar que Rita não tinha sido engolida pela multidão que se amontoava atrás de si, e ali estava ele, com um sorriso trocista.

- Afinal you speak portuguese very good... Disse, ainda com aquele ar de gozo.

- Não te preocupes. Foi a rejeição mais creativa que tive até hoje!

O seu intímo gritava "Qual rejeição?! Cobardia...". Os homens demasiado atraentes e seguros de si sempre a tinham assustado. Faziam-na sentir-se pequenina e insegura. Falta de auto-estima dirão alguns. Seria...

- Posso deixá-las nalgum lado?

- Não. Disse ela quase sem pensar.

- Sim. Ouviu a seu lado.

Traidora! Amanhã vais ter que me ouvir.

Ele ria, com aquele ar de quem sabe qualquer coisa que mais ninguém sabe.

- Em que ficamos? Sim, não, nim? E se fossemos saindo, para esta gente simpática também receber os seus casacos? Discutimos essa diferença de opiniões lá fora.

Carrossel

Depois de uma semana cheia de trabalho e emoções fortes, o dia hoje parecia-lhe tão parado que tinha a sensação de ouvir o som dos segundos que tardavam a passar.
Olhou para o quarto, desarrumado, quase como se fosse um espelho da sua vida. Queria mudar ambos, mas sentia-se presa ao chão, sem saber como se mover. Era difícil escolher por onde começar...
Quanto mais revia os últimos meses, anos, mais estranho tudo lhe parecia. Como se não os tivesse vivido na primeira pessoa e fossem apenas uma estória que alguém lhe contara. Um verdadeiro carrossel, que nunca saía do mesmo sítio, dando voltas e voltas, variando apenas a velocidade e as pessoas que passavam perto.
Os segundos continuavam... tique... taque... bulindo-lhe com os nervos!
Pensou dormir, mas pareceu-lhe um desperdício. Sair não lhe apetecia. Podia ler... Mas aquele maldito som dos segundos parecia que não a deixava sequer pensar, portanto a leitura estava fora de questão! Mudou de canal, uma e outra vez, procurando não sabia bem o quê. Ou talvez nem procurasse nada e os toques que ía dando no comando eram apenas uma forma de se assegurar que estava viva.
Olhou em volta e, finalmente decidiu-se. Não interessava realmente por onde começava! Tanto fazia se arrumasse a pilha de roupa, ou limpasse o pó, o que importava mesmo era começar. A partir daí tudo seria mais fácil.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Cansada...

Embrenhada nos meus dias
quase nem te noto a falta,
mas quando o cansaço me quebra
sinto a falta dos beijos meigos
que me rejuvenesciam o corpo
e adoçavam a alma.
Depois de cada dia infernal,
estes muros altos,
que me protegem,
abrem largas brechas
e as memórias invadem-me,
impiedosas e demolidoras
trazendo imagens e sons.
Neste misto agridoce
de sensações revividas
e saudade dolorosa,
fecho os olhos e espero,
até que o sonho venha,
redentor, salvando-me de mim,
reerguendo as defesas
e preparando mais um dia
em que quase nem te noto a falta...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Abril 2001

Queria sentir, meu Amor,
A minha marca nos teus dias.
Saber que sou intrínseca, indissociável,
Do teu ser...
Porque é assim, meu Amor,
Que vives dentro de mim!
Invadiste-me o corpo e a alma,
Centímetro, por centímetro.
Trouxeste magia e cor,
À minha vida tão cinzenta.
Observo-te enquanto dormes...
Inspiras, expiras e repetes tudo de novo.
O simples oscilar do teu peito,
Afasta-me da melancolia.
Adormecer e acordar a teu lado
É, meu Amor, uma alegria indizível!

E agora?

Ontem achava que estava a mudar... e hoje mudei mesmo!
Num impulso, que espero muito mais frutífero e saudável que todos os anteriores, decidi voltar a enfrentar o meu maior espinho.
Este é o momento e, se o deixasse passar, talvez não tornasse a existir outro...
Vou dar-me a possibilidade de emendar o fracasso que nunca me permiti perdoar ou esquecer.
De todos os erros que cometi, e foram muitos, mesmo, mesmo muitos, este foi aquele que deixou uma marca que nem o tempo conseguiu esbater.
Sei que essa marca me pode pesar demasiado e não me deixar vencer, mas já o faz, de outras formas, ao longo de mais de uma década!
Portanto, receios à parte, vou ter que procurar no meu "kit extra de força" o fato de mini-super-heroína e lutar contra as forças do mal, acreditando que desta vez serei eu a vencedora.
Espero que a palmadinha nas costas que hoje dei mentalmente a mim mesma, seja apenas a primeira de muitas...


Um beijo muito grande para todos os que me foram empurrando, ao longo dos anos, até chegar aqui.

terça-feira, 3 de março de 2009

Nova edição

Hoje, mais do que ontem, estou convencida de que algo muda em mim!
Iniciei uma verdadeira senda; descubrindo padrões que me armadilham, desmascarando fantasmas e inimigos sombrios que me espreitaram toda a vida.
Um a um, vejo-os perder peso, tornando-se, primeiro, suportáveis, depois contornáveis e finalmente em memórias que fortalecem.
Ainda de forma atabalhoada, cheia de dúvidas e com algum daltonismo, sigo em frente, emendo e corrijo a rota. Mas esta viagem de descoberta é irreversível e imparável.
Disseram-me, recentemente, que vim ao mundo equipada com um kit extra de força!
Primeiro ri, porque raras vezes me vi dessa forma.
Mas a verdade é que, apesar dos caminhos de sombra que fui trilhando, consegui sempre ressurgir na luz.
Uma e outra vez ferida, mas voltando sempre inteira, quase como um gato e as suas nove vidas.
Passo a passo, ou talvez pé ante pé, uma pessoa que ainda não conheço vai surgindo...
Mais completa, menos vazia de verdade, mais cheia de vida e numa luta diária com quem ainda sou, esta nova versão de mim mesma poder-se-ia dizer revista e aumentada.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Dançando

Dançando pela casa,
a batida pulsando em mim
a cada meneio, a cada gesto.
O som da música guia-me,
agita-me e rodopio,
rio, canto!
Enredeio-me no ritmo,
como se fosse um tecido
roçando a pele nua.
Inebriada pela melodia,
a sensualidade
à flor da pele
traz fantasias,
sonhos e memórias.
Sinto-me livre, feliz,
dançando pela casa
esquecida dos dias,
das noites
das penas,
dos amores
e rejeições...

Espelho

Hoje olhei-me finalmente ao espelho.
De tanto lhe fugir quase não me reconheci!
Perdi tanto tempo à procura de algo, alguém,
quando apenas necessitava de mim.
Tantos afectos e pensamentos
gastos com os demais,
nunca sobrando sequer
réstea de amor-próprio!
Hoje olhei-me finalmente ao espelho
e decidi que não me abandono mais.
Nunca ninguém será mais,
ou maior que eu mesma.
Serei rainha dos meus dias,
como nunca ousei ser.
Serei princesa quando
me apetecer.
Hoje olhei-me finalmente ao espelho
e percebi. Finalmente percebi...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Penso em ti

Sinto a tua falta, nos mais pequenos gestos. Como se, de repente, tudo estivesse assombrado por uma presença invisível.
Apareces-me em cada pensamento, cada desejo e até nos meus sonhos, sem que o queira ou procure.
Sinto-te sobre o meu ombro, tocando-me, ao de leve, o rosto. Sinto os teus beijos, carícias, olhares...
Dou por mim olhando para o telemóvel, expectante. Esperando um sinal teu, uma mensagem que não chega!
Leio e releio cada linha dos teus escritos, tentando transformá-los em ti. Talvez assim custe menos, ou talvez apenas me faça odiar-me um bocadinho mais!
Perdi-te, pensando que o queria, sem saber que já não o podia. Agora mortifico-me, pensando como podem o tempo e a mágoa voltar atrás...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Covardias...

Estou só, imersa em mim,
sem alegria ou orgulho.
Fui covarde e fugi,
de algo que era apenas
um vislumbre de luz.
Sem deixar-me sequer
pensar no depois,
cortei amarras,
julgando-me salva.
Agora, na escuridão,
sem algo por que almejar,
lambo as feridas abertas
nesta fuga apressada.
Penso que, talvez,
no fundo, apenas quisesse
que não me deixasses ir...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Turbilhão

Palavras mudas, presas em mim,
ditas vezes e vezes sem conta,
apenas quando não as ouvem.
Sentimentos e emoções, em turbilhão,
tão assustadores que os calo!
Paixão, tristeza,
medo, ternura,
desejo e saudade...
Corroem-me,
queimando a garganta e o corpo,
- de tão fortes -
estes sentimentos que não quero.
Devia ser fácil, devia ser simples,
sem seriedade ou tristeza.
Uma brincadeira, um jogo...
Talvez as emoções me toldem,
e os sentimentos me assustem,
mas digo o que não quero,
e o que quero, não digo!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Emoções

Decifra-me, apenas com um olhar...

A cada instante, tenho em mim,
a porta da alma aberta,
sem pudor ou segurança.

As minhas emoções são tatuagens vivas,
que se transformam,
adoçam... Extinguem.
Indomáveis e sem camuflagem
controlando o que faço, quem sou...

Lê em mim, sem esforço,
sentimentos, pensamentos,
vontades e sonhos.

Tristeza, alegria, carinho,
no rosto, na voz...
Fragilizada, exposta,
nua de artifícios.

Não sei esconder-me,
nem sei ser outra!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Pais e filhos

Entre linhas cruzadas,
palavras incompreendidas
e ideias sem espelho -
esconde-se o amor.
Sem qualquer outra razão
que o sangue, a vida.
Este amor não vacila!
Seremos sempre pais e filhos,
irmãos e irmãs...
Cada pedacinho de nós,
traz milhares de gotículas
deste amor que nos criou.
Cada gesto, cada pensamento,
existem por este passado
que deu forma ao presente...
Pedir mais, ou dar menos,
é rejeitar quem fomos,
e não saber quem somos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Morte de uma guerreira

Queria que cada batida, cada sobressalto
não fizessem mossa na armadura gasta.
As armas estão botas e sem utilidade...
Ainda que guerreira,
minha alma não é bélica.
Facilmente sairei derrotada
nesta luta sem sentido ou glória.
Caio e levanto-me,
mais e mais cansada.
Não me renderei!
Continuarei enquanto possa,
ainda que fraca, trémula.
Cada estocada poderá ser a final,
a derradeira,
e ficarei finalmente prostrada,
sem vida, sem dor.

No baloiço da vida

Pendurada do alto, sem corda ou rede,
fecho os olhos e baloiço ao som da vida.
A música vai mudando, sem aviso...
Se me falha o ouvido,
a queda, certamente, mata!
Rápido, rápido, agora lento...
Não arrisco abrir os olhos,
seguro-me como posso,
e baloiço, baloiço!
Lento, lento, agora rápido...
O ritmo conduz o corpo,
ora suave, ora abrupto!
Cada golfada de ar parece infinita
e sustenho a respiração, assustada.
Quanto tempo e força terei
para que o equilibrio não falhe
e a vida me embale,
com o amor extremado de mãe...

Sóis

Troquei a gola alta por um generoso decote que quase deixa o sol acariciar-me.
Sinto um leve calor sobre a pele, diluindo-se, sem pressa, pelo corpo...

Porque não pode o sol visitar-me assim todos os dias?
Quero ficar, para sempre,
perdida neste doce casulo
que se constrói à minha volta...

Poder endireitar o corpo,
mirrado na luta desigual contra o frio.

Poder vestir roupa que quase não se sente,
etérea, macia. E acariciar a pele,
sem sequer o pensar.

Estremecer ligeiramente
com a briza do entardecer.

Poder mudar o ritmo do tempo,
e fazê-lo mais lento.

Poder esboçar sorrisos,
quando se admiram os corpos dos outros.

Os dias luminosos,
cheios de riso e promessas.

Sonhar com a praia e o mar,
que seguramente virão...

Sem o sol definho,
envelheço, e morro
um pouquinho a cada minuto!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Regras

Neste nosso mundo existem regras para tudo; desde fritar um ovo até à geração de uma nova vida! Regras para o comprimento da saia, regras para o trabalho, regras para o ócio, regras para os afectos...

Seria alguma vez possível cumprir, a cada momento, todas as regras aplicáveis a uma determinada situação? Como avaliar a prioridade, quando se desdizem? Quais garantem o sucesso e quais estão provadas falíveis?

E se cumprirmos apenas algumas? Já que o estrago está feito, não valerá mais não as cumprir de todo?! E, se são implicitas, como sabemos que as estamos a seguir correctamente?

Por mais que nos esforcemos, nunca será perfeito...
Existirão sempre conselhos, críticas, ofensas, mágoas. Cumprir regras não nos livra de nada disto, apenas nos rouba a capacidade de sermos mais do que uma sombra de quem poderíamos ser.

E, não seguindo regras, que estaremos a fazer aos demais? Será válido roubar,matar, magoar? E não seguir regra nenhuma não se transforma, no fundo, em mais uma regra?!

Depois de colocar, baralhar e voltar a dar todas estas questões, a única resposta que me surge é a da regra universal do respeito - pelos outros e próprio. Se vivermos desta forma tocaremos, mesmo que apenas ao de leve, o melhor que existe dentro de nós.

Eu, tu... Nós??

Queria apenas sentir-me viva e acordar de um longo torpor, mas o inesperado aconteceu!
O que seria apenas uma brincadeira adensou-se e tomou forma.
Deixei-me ir em ti, no teu riso, no teu olhar...
Perdi-me nas tuas mãos, no teu corpo, na tua doçura.
Noites e dias de riso e paixão.

E agora? Que faço eu com este emaranhado de emoções e sentimentos?

Meu menino de olhos intensos...

Conseguirei deixar de te ver cada vez que tento adormecer?
E o formigueiro na pele, desaparecerá se nunca mais te tocar?

A temperatura do meu corpo deixará de subir quando sussurro o teu nome?

Meu menino de sorriso maroto...

Quem me salva de mim mesma? E do que sinto?




segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

K será d nós?

Uns dias pergunto-me, como sobreviveu a Humanidade sem as novas tecnologias; mas, noutros, pergunto-me se poderá a Humanidade sobreviver às novas tecnologias...

Podemos estar em contacto com dezenas, centenas de pessoas que não veriamos certamente na próxima década ou que nem conheceriamos de outra forma. Os telemóveis, faxes, emails, que nos encontram onde estivermos. O conhecimento à distância de um motor de busca e palavras desconhecidas rapidamente transformadas em velhas amigas.

Mas lamento o tempo que perdemos rodeados de amigos virtuais, à distância de um clique, e longe de um toque... Substituimos o convívio pelos sites e chats, a conversa pelas frases curtas, o sorriso, a tristeza e todas as emoções que antes se espelhavam na face são agora "emoticons", atirados quase ao acaso.

Que será de nós?

Estaremos a ganhar, pela facilidade de chegar uns aos outros, ou estaremos a perder a capacidade de verdadeiramente nos relacionarmos? Poderemos manter o equilibrio nesta coexistência de virtual e real?

Porque, na verdade, a felicidade, a tristeza, o amor, a decepção acontecem offline, numa realidade a que cada vez menos nos apegamos...

Ontem e hoje

Um dia destes, a minha vidinha certinha e insonsa desfez-se sem que pudesse sequer dizer "ai!". A realidade, numa pirueta inesperada, apanhou-me cega e desprevenida, atirando-me ao chão.

De onde surgiu esta falta de clarividência? Como não vi chegar o amanhã? Onde se esconderam as minhas respostas sempre prontas?

As palavras tomaram, de repente, significados diferentes daqueles que lhes conhecia e os meus dias ficaram envoltos numa névoa espessa. Entorpecida, ferida e oca, arrastando-me de uma manhã para outra tentei virar e revirar a verdade, fosse ela qual fosse!

Até que percebi que não vale a pena perguntar "o que poderia ter feito diferente?", porque os "ses" e os "mas" são um veneno que quase nos mata!

A névoa foi-se desfazendo e acabei por deixar entrar outras perguntas e outras gentes; e dei por mim novamente à mercê das piruetas da realidade!

Que diabos fazer quando aquilo que pensamos ser uma verdade absoluta se enche de matizes cinzentos? Agarramo-nos àquilo em que acreditamos ou damos espaço a que novas e estranhas verdades surjam? Que mundos surpreendentes e assustadores nos esperam quando não espartilhamos a realidade com o preto e branco do certo e errado?

A medo, e sem certezas ou respostas de qualquer espécie, decidi que viver sem surpresas me encolhe a alma, o coração e a capacidade de ser humana. De cada novo dia espero cor, surpresa, emoção... e, nunca, nunca mais, uma vidinha certinha e insonsa!

Perdi as palavras!

Queria tanto recuperar a minha escrita de outros tempos!
Letras ordenadas que tantas vezes, me salvaram a vida.
Perdi-me no labirinto da vida e perdi as minhas palavras... Ou elas perderam-me a mim...

As minhas frases cheias de espírito, chama e ironia, fluíam sem sobressaltos. Agora quero descrever o que o coração me conta e sinto apenas o vazio.
Como se tivesse que ser de novo apresentada às palavras; como se estas velhas amigas não me reconhecessem.

Sinto-me traída e desapontada. Ou, talvez, a traidora tenha sido eu!


Talvez, pouco a pouco, eu e as palavras possamos reaproximar-nos... Talvez sejam elas quem me ensinará a virtude da paciência...
A cada dia, revisitando-nos, talvez voltemos a ser intímas.
Talvez todas voltem para poder gritar o que quero, o que sinto, o que me magoa, sem necessidade de floreios ou embustes - apenas velhas amigas a despir-me a alma.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Alma vazia

As letras bailam enquanto as junto
amontoam-se, complicam-se
e os meus olhos teimam fechar.
O tempo corre, passa por mim
sem que o possa parar.
Perco-me em pensamentos
que não consigo afastar...
Onde estive enquanto os dias morriam?
Como cheguei aqui,
sem esbracejar e lutar?
Que alma vazia é esta
sem o fogo que a consumiu?
O tempo, cruel, não perdoa
a quem desperdiça minutos...

Amor

Sabes amor,
as sereias e as fadas fugiram,
e os sonhos,
esses desfazem-se como o fumo do meu cigarro.
Para quê fingir?
Sabes que não acredito!
Nem em mim, nem em ti,
nem mesmo no que aconteceu.
A felicidade não existe
e o amor é uma doença.
Para quê dizer "gosto de ti"
quando não o sentimos?!
O toque dos corpos não é suficiente?
A tua mão na minha,
as bocas coladas,
tu de olhos fechados
e os meus abertos buscando a verdade,
Um indício de sinceridade em ti...

Ilusão

Quantas vezes, diz-me
Os nossos pensamentos se cruzam?
Quantas vezes, em uníssono,
Dizemos as mesmas frases?
Procurava-te, sem o saber...
A alma que me completa,
O positivo de mim mesma!
És a fraqueza que me fortalece
e a força que me enfraquece
És tristeza, alegria, vida...

Vi em ti o que não vês,
pensei-te o que não és.
Queria tanto ter-te encontrado
que me perdi numa ilusão,
num jogo de sonhos e pesadelos
que me deixaram oca de mim...

07/90

No escuro da noite,
quando o silêncio me envolve,
a loucura e o desejo
torturam todo o meu ser!
Deixo-me escapar
para mundos desconhecidos...
onde a luxúria,o amor,
a amizade, o ódio,
se misturam, confundem e completam.
É aí que a minha lucidez desperta,
e finalmente consigo encontrar-me
nas vidas palpitantes
plenas de fúria e de poder.
Nas vidas da noite,
sem regras ou limites,
o coração bate mais forte
e tudo traz o travo da violência,
da morte,
do receio de que cada batida
seja a última...