domingo, 15 de março de 2009

Os meus dias

Os dias seguem-se, encarreirados, seguros do seu caminho. E embora estes dias se alinhem, numa recta da qual ainda não se vê o fim, quando passo por eles não existe qualquer sensação de geometria ou segurança.
Cada 24h formam uma montanha-russa, onde vou do riso às lágrimas, do desespero à esperança, do obrigatório ao proíbido. Solto-me e prendo-me, brinco e ralho, amo e ignoro.
Serão os vossos dias também assim? Ou, como me costuma dizer um amigo (num misto de espanto e carinho) sou apenas "doida"?
De tempos a tempos penso que gostaria de dias cheios de paz, serenidade, mas na verdade, acabaria por odiá-los!
Um pouco como quando vou visitar os meus pais e me regojizo com o silêncio, o ar puro, o canto dos pássaros, para três ou quatro dias depois ansiar pelo barulho, pelo ar poluído e pela vida fervilhante da capital...
Não saberia viver assim, com coerência, fazendo as coisas sempre da mesma forma.
Existe algo de esquizofrénico em mim! Não a doença mental, literalmente, mas a sensação de que não sou uma, mas várias. E cada uma delas sendo o oposto da anterior, vivendo numa luta cacofónica diária.
Vejamos: existem a pessimista, que me ensombra os dias, e a optimista que garante o resultado, a preguiçosa, que me entorpece, e a trabalhadora, frenética e imparável, a doce, carinhosa, e a agressiva, cheia de uma raiva contida, a sedutora e a tímida, a segura e a que espera sempre aprovação externa, a racional e a fantasiosa, que sonha com o impossível... e poderia continuar esta lista quase sem fim das múltiplas personalidades que se misturam em mim.
Por tudo isto os meus dias, mesmo quando vazios, de gente ou significado, são cheios de emotividade, de paixão, de raiva, de luta interior, por vezes até à exaustão.
Sei que estou no caminho para que as melhores facetas de mim ganhem mais e mais terreno, mas serei sempre emotiva, imprevisível e apaixonada, porque não existe outra forma de ser.

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