quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Penso em ti

Sinto a tua falta, nos mais pequenos gestos. Como se, de repente, tudo estivesse assombrado por uma presença invisível.
Apareces-me em cada pensamento, cada desejo e até nos meus sonhos, sem que o queira ou procure.
Sinto-te sobre o meu ombro, tocando-me, ao de leve, o rosto. Sinto os teus beijos, carícias, olhares...
Dou por mim olhando para o telemóvel, expectante. Esperando um sinal teu, uma mensagem que não chega!
Leio e releio cada linha dos teus escritos, tentando transformá-los em ti. Talvez assim custe menos, ou talvez apenas me faça odiar-me um bocadinho mais!
Perdi-te, pensando que o queria, sem saber que já não o podia. Agora mortifico-me, pensando como podem o tempo e a mágoa voltar atrás...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Covardias...

Estou só, imersa em mim,
sem alegria ou orgulho.
Fui covarde e fugi,
de algo que era apenas
um vislumbre de luz.
Sem deixar-me sequer
pensar no depois,
cortei amarras,
julgando-me salva.
Agora, na escuridão,
sem algo por que almejar,
lambo as feridas abertas
nesta fuga apressada.
Penso que, talvez,
no fundo, apenas quisesse
que não me deixasses ir...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Turbilhão

Palavras mudas, presas em mim,
ditas vezes e vezes sem conta,
apenas quando não as ouvem.
Sentimentos e emoções, em turbilhão,
tão assustadores que os calo!
Paixão, tristeza,
medo, ternura,
desejo e saudade...
Corroem-me,
queimando a garganta e o corpo,
- de tão fortes -
estes sentimentos que não quero.
Devia ser fácil, devia ser simples,
sem seriedade ou tristeza.
Uma brincadeira, um jogo...
Talvez as emoções me toldem,
e os sentimentos me assustem,
mas digo o que não quero,
e o que quero, não digo!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Emoções

Decifra-me, apenas com um olhar...

A cada instante, tenho em mim,
a porta da alma aberta,
sem pudor ou segurança.

As minhas emoções são tatuagens vivas,
que se transformam,
adoçam... Extinguem.
Indomáveis e sem camuflagem
controlando o que faço, quem sou...

Lê em mim, sem esforço,
sentimentos, pensamentos,
vontades e sonhos.

Tristeza, alegria, carinho,
no rosto, na voz...
Fragilizada, exposta,
nua de artifícios.

Não sei esconder-me,
nem sei ser outra!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Pais e filhos

Entre linhas cruzadas,
palavras incompreendidas
e ideias sem espelho -
esconde-se o amor.
Sem qualquer outra razão
que o sangue, a vida.
Este amor não vacila!
Seremos sempre pais e filhos,
irmãos e irmãs...
Cada pedacinho de nós,
traz milhares de gotículas
deste amor que nos criou.
Cada gesto, cada pensamento,
existem por este passado
que deu forma ao presente...
Pedir mais, ou dar menos,
é rejeitar quem fomos,
e não saber quem somos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Morte de uma guerreira

Queria que cada batida, cada sobressalto
não fizessem mossa na armadura gasta.
As armas estão botas e sem utilidade...
Ainda que guerreira,
minha alma não é bélica.
Facilmente sairei derrotada
nesta luta sem sentido ou glória.
Caio e levanto-me,
mais e mais cansada.
Não me renderei!
Continuarei enquanto possa,
ainda que fraca, trémula.
Cada estocada poderá ser a final,
a derradeira,
e ficarei finalmente prostrada,
sem vida, sem dor.

No baloiço da vida

Pendurada do alto, sem corda ou rede,
fecho os olhos e baloiço ao som da vida.
A música vai mudando, sem aviso...
Se me falha o ouvido,
a queda, certamente, mata!
Rápido, rápido, agora lento...
Não arrisco abrir os olhos,
seguro-me como posso,
e baloiço, baloiço!
Lento, lento, agora rápido...
O ritmo conduz o corpo,
ora suave, ora abrupto!
Cada golfada de ar parece infinita
e sustenho a respiração, assustada.
Quanto tempo e força terei
para que o equilibrio não falhe
e a vida me embale,
com o amor extremado de mãe...

Sóis

Troquei a gola alta por um generoso decote que quase deixa o sol acariciar-me.
Sinto um leve calor sobre a pele, diluindo-se, sem pressa, pelo corpo...

Porque não pode o sol visitar-me assim todos os dias?
Quero ficar, para sempre,
perdida neste doce casulo
que se constrói à minha volta...

Poder endireitar o corpo,
mirrado na luta desigual contra o frio.

Poder vestir roupa que quase não se sente,
etérea, macia. E acariciar a pele,
sem sequer o pensar.

Estremecer ligeiramente
com a briza do entardecer.

Poder mudar o ritmo do tempo,
e fazê-lo mais lento.

Poder esboçar sorrisos,
quando se admiram os corpos dos outros.

Os dias luminosos,
cheios de riso e promessas.

Sonhar com a praia e o mar,
que seguramente virão...

Sem o sol definho,
envelheço, e morro
um pouquinho a cada minuto!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Regras

Neste nosso mundo existem regras para tudo; desde fritar um ovo até à geração de uma nova vida! Regras para o comprimento da saia, regras para o trabalho, regras para o ócio, regras para os afectos...

Seria alguma vez possível cumprir, a cada momento, todas as regras aplicáveis a uma determinada situação? Como avaliar a prioridade, quando se desdizem? Quais garantem o sucesso e quais estão provadas falíveis?

E se cumprirmos apenas algumas? Já que o estrago está feito, não valerá mais não as cumprir de todo?! E, se são implicitas, como sabemos que as estamos a seguir correctamente?

Por mais que nos esforcemos, nunca será perfeito...
Existirão sempre conselhos, críticas, ofensas, mágoas. Cumprir regras não nos livra de nada disto, apenas nos rouba a capacidade de sermos mais do que uma sombra de quem poderíamos ser.

E, não seguindo regras, que estaremos a fazer aos demais? Será válido roubar,matar, magoar? E não seguir regra nenhuma não se transforma, no fundo, em mais uma regra?!

Depois de colocar, baralhar e voltar a dar todas estas questões, a única resposta que me surge é a da regra universal do respeito - pelos outros e próprio. Se vivermos desta forma tocaremos, mesmo que apenas ao de leve, o melhor que existe dentro de nós.

Eu, tu... Nós??

Queria apenas sentir-me viva e acordar de um longo torpor, mas o inesperado aconteceu!
O que seria apenas uma brincadeira adensou-se e tomou forma.
Deixei-me ir em ti, no teu riso, no teu olhar...
Perdi-me nas tuas mãos, no teu corpo, na tua doçura.
Noites e dias de riso e paixão.

E agora? Que faço eu com este emaranhado de emoções e sentimentos?

Meu menino de olhos intensos...

Conseguirei deixar de te ver cada vez que tento adormecer?
E o formigueiro na pele, desaparecerá se nunca mais te tocar?

A temperatura do meu corpo deixará de subir quando sussurro o teu nome?

Meu menino de sorriso maroto...

Quem me salva de mim mesma? E do que sinto?




segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

K será d nós?

Uns dias pergunto-me, como sobreviveu a Humanidade sem as novas tecnologias; mas, noutros, pergunto-me se poderá a Humanidade sobreviver às novas tecnologias...

Podemos estar em contacto com dezenas, centenas de pessoas que não veriamos certamente na próxima década ou que nem conheceriamos de outra forma. Os telemóveis, faxes, emails, que nos encontram onde estivermos. O conhecimento à distância de um motor de busca e palavras desconhecidas rapidamente transformadas em velhas amigas.

Mas lamento o tempo que perdemos rodeados de amigos virtuais, à distância de um clique, e longe de um toque... Substituimos o convívio pelos sites e chats, a conversa pelas frases curtas, o sorriso, a tristeza e todas as emoções que antes se espelhavam na face são agora "emoticons", atirados quase ao acaso.

Que será de nós?

Estaremos a ganhar, pela facilidade de chegar uns aos outros, ou estaremos a perder a capacidade de verdadeiramente nos relacionarmos? Poderemos manter o equilibrio nesta coexistência de virtual e real?

Porque, na verdade, a felicidade, a tristeza, o amor, a decepção acontecem offline, numa realidade a que cada vez menos nos apegamos...

Ontem e hoje

Um dia destes, a minha vidinha certinha e insonsa desfez-se sem que pudesse sequer dizer "ai!". A realidade, numa pirueta inesperada, apanhou-me cega e desprevenida, atirando-me ao chão.

De onde surgiu esta falta de clarividência? Como não vi chegar o amanhã? Onde se esconderam as minhas respostas sempre prontas?

As palavras tomaram, de repente, significados diferentes daqueles que lhes conhecia e os meus dias ficaram envoltos numa névoa espessa. Entorpecida, ferida e oca, arrastando-me de uma manhã para outra tentei virar e revirar a verdade, fosse ela qual fosse!

Até que percebi que não vale a pena perguntar "o que poderia ter feito diferente?", porque os "ses" e os "mas" são um veneno que quase nos mata!

A névoa foi-se desfazendo e acabei por deixar entrar outras perguntas e outras gentes; e dei por mim novamente à mercê das piruetas da realidade!

Que diabos fazer quando aquilo que pensamos ser uma verdade absoluta se enche de matizes cinzentos? Agarramo-nos àquilo em que acreditamos ou damos espaço a que novas e estranhas verdades surjam? Que mundos surpreendentes e assustadores nos esperam quando não espartilhamos a realidade com o preto e branco do certo e errado?

A medo, e sem certezas ou respostas de qualquer espécie, decidi que viver sem surpresas me encolhe a alma, o coração e a capacidade de ser humana. De cada novo dia espero cor, surpresa, emoção... e, nunca, nunca mais, uma vidinha certinha e insonsa!

Perdi as palavras!

Queria tanto recuperar a minha escrita de outros tempos!
Letras ordenadas que tantas vezes, me salvaram a vida.
Perdi-me no labirinto da vida e perdi as minhas palavras... Ou elas perderam-me a mim...

As minhas frases cheias de espírito, chama e ironia, fluíam sem sobressaltos. Agora quero descrever o que o coração me conta e sinto apenas o vazio.
Como se tivesse que ser de novo apresentada às palavras; como se estas velhas amigas não me reconhecessem.

Sinto-me traída e desapontada. Ou, talvez, a traidora tenha sido eu!


Talvez, pouco a pouco, eu e as palavras possamos reaproximar-nos... Talvez sejam elas quem me ensinará a virtude da paciência...
A cada dia, revisitando-nos, talvez voltemos a ser intímas.
Talvez todas voltem para poder gritar o que quero, o que sinto, o que me magoa, sem necessidade de floreios ou embustes - apenas velhas amigas a despir-me a alma.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Alma vazia

As letras bailam enquanto as junto
amontoam-se, complicam-se
e os meus olhos teimam fechar.
O tempo corre, passa por mim
sem que o possa parar.
Perco-me em pensamentos
que não consigo afastar...
Onde estive enquanto os dias morriam?
Como cheguei aqui,
sem esbracejar e lutar?
Que alma vazia é esta
sem o fogo que a consumiu?
O tempo, cruel, não perdoa
a quem desperdiça minutos...

Amor

Sabes amor,
as sereias e as fadas fugiram,
e os sonhos,
esses desfazem-se como o fumo do meu cigarro.
Para quê fingir?
Sabes que não acredito!
Nem em mim, nem em ti,
nem mesmo no que aconteceu.
A felicidade não existe
e o amor é uma doença.
Para quê dizer "gosto de ti"
quando não o sentimos?!
O toque dos corpos não é suficiente?
A tua mão na minha,
as bocas coladas,
tu de olhos fechados
e os meus abertos buscando a verdade,
Um indício de sinceridade em ti...

Ilusão

Quantas vezes, diz-me
Os nossos pensamentos se cruzam?
Quantas vezes, em uníssono,
Dizemos as mesmas frases?
Procurava-te, sem o saber...
A alma que me completa,
O positivo de mim mesma!
És a fraqueza que me fortalece
e a força que me enfraquece
És tristeza, alegria, vida...

Vi em ti o que não vês,
pensei-te o que não és.
Queria tanto ter-te encontrado
que me perdi numa ilusão,
num jogo de sonhos e pesadelos
que me deixaram oca de mim...

07/90

No escuro da noite,
quando o silêncio me envolve,
a loucura e o desejo
torturam todo o meu ser!
Deixo-me escapar
para mundos desconhecidos...
onde a luxúria,o amor,
a amizade, o ódio,
se misturam, confundem e completam.
É aí que a minha lucidez desperta,
e finalmente consigo encontrar-me
nas vidas palpitantes
plenas de fúria e de poder.
Nas vidas da noite,
sem regras ou limites,
o coração bate mais forte
e tudo traz o travo da violência,
da morte,
do receio de que cada batida
seja a última...