sábado, 7 de março de 2009

Carrossel

Depois de uma semana cheia de trabalho e emoções fortes, o dia hoje parecia-lhe tão parado que tinha a sensação de ouvir o som dos segundos que tardavam a passar.
Olhou para o quarto, desarrumado, quase como se fosse um espelho da sua vida. Queria mudar ambos, mas sentia-se presa ao chão, sem saber como se mover. Era difícil escolher por onde começar...
Quanto mais revia os últimos meses, anos, mais estranho tudo lhe parecia. Como se não os tivesse vivido na primeira pessoa e fossem apenas uma estória que alguém lhe contara. Um verdadeiro carrossel, que nunca saía do mesmo sítio, dando voltas e voltas, variando apenas a velocidade e as pessoas que passavam perto.
Os segundos continuavam... tique... taque... bulindo-lhe com os nervos!
Pensou dormir, mas pareceu-lhe um desperdício. Sair não lhe apetecia. Podia ler... Mas aquele maldito som dos segundos parecia que não a deixava sequer pensar, portanto a leitura estava fora de questão! Mudou de canal, uma e outra vez, procurando não sabia bem o quê. Ou talvez nem procurasse nada e os toques que ía dando no comando eram apenas uma forma de se assegurar que estava viva.
Olhou em volta e, finalmente decidiu-se. Não interessava realmente por onde começava! Tanto fazia se arrumasse a pilha de roupa, ou limpasse o pó, o que importava mesmo era começar. A partir daí tudo seria mais fácil.

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