quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sinto-lhes a falta

Sinto a falta das minhas amigas,
das risadas à volta da mesa,
das conversas atrevidas
e perguntas indiscretas...
Vejo-nos, como éramos antes,
e sinto o cheiro das praias
nos longos verões partilhados.
Recordo lágrimas, risos, segredos,
dramas que nunca o foram,
mágoas das que nem deixam marca.
Lembro amores, paixões e desamores,
as primeiras saídas nocturnas,
os bares e as discotecas.
Tantas loucuras que me aturaram!
Sinto a falta das minhas amigas...
Nestas vidas trocadas e corridas,
nem conseguimos encontrar
um pequeno momento nosso!
Um almoço ou mesmo lanche,
um jantar, um café ou um nada,
apenas dois dedos de conversa...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sonho colorido

Enrosco-me na cadeira,
o olhar fixo no ecrã,
e sonho...
Sonho dias sem reuniões,
sonho que não estou presa
num inferno cinza e laranja;
sonho cores imaginárias
que nem sei descrever;
sonho um par de asas
que me levam a terras distantes;
sonho horas de sol e de chuva,
nuvens que aqui não vejo,
flores e árvores do jardim...
Sonho-te a ti sem distância,
céu e mar à nossa volta
e a areia rolando sob os pés,
colados num beijo sem fim...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A serra

Sentados no teu cavalo mecânico,
abraço-me a ti e saímos à aventura.
Descobrimos caminhos de terra,
carreiros perdidos, esquecidos,
quase não trilhados por gente.
A adrenalina em perfeita medida:
nem de menos, para que não entedie,
nem demais, para que não assuste.
Tento abarcar e gravar na memória,
os detalhes, os cheiros e as cores
destes sítios que vamos deixando...
Passamos por todos os tons de verde,
escuro, claro, amarelado, azulado,
em ervas, arbustos, giestas, árvores.
O aroma adocicado da vegetação,
com salpicos de flores silvestres,
em arbustos de ervas de cheiros.
No cimo de cada cerro, perco o fôlego,
a vista estonteia, espanta-me,
nesta paisagem bela e agreste.
No Algarve que poucos conhecem,
sem praias, turistas ou frenezim,
apenas a serra e os seus...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pequeno sonho

Sonhei uma vida, nova, por estrear,
dei-lhe forma, criei-a, fi-la minha.
Enchi esta vida de mim e de ti,
com pequenos nadas de amor,
coloridos, como um arco-iris.
Na loucura deste belo sonho,
perdi-me dos dias iguais,
do sol que nasce e se põe,
do trabalho, da casa, do carro.
Na loucura deste sonho,
esta vida, nova, por estrear,
é maior e mais bela que o sol,
maior e mais bela que o mar.
É ter um eterno verão...
E eu sou feliz, com sorriso grato,
por um pequeno grande sonho!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Salto no escuro

Num verdadeiro turbilhão
ideias vão e vêm, sem descanso;
tento desesperadamente fugir
mas o pensamento é veloz...
Olhando a minha vida,
colocada do lado de fora,
chego a assustar-me:
existe algo esquizofrénico
no sequência dos meus dias...
Não sei, nem quero acolher
uma vida simples e plácida,
sem impulsos e surpresas,
sem correrias e viragens,
sem urgências e emergências
sem riso louco e choro dorido.
Quero uma vida vivida, rica,
de sensações e sentimentos,
sem arrependimentos, receios,
cheia de paixão, amor e alegria.
Quero abraçar a loucura,
acreditar e saltar no escuro!
Se cair e as feridas surgirem,
sei que saberei curá-las...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Horas perdidas

Preguiçando sem desculpa,
penso em tudo e em nada!
Penso com lógica e acerto
e sonho o que nunca será...
Desbravo ideias, sensações,
analizo amores e desamores,
terapeuta de mim mesma,
apenas espero soluções!
Semicerro os olhos e vejo
um passado borrado, baço,
e, logo depois, o futuro.
Entre ambos fica o agora,
cheio de promessas e alegria.
A minha impulsividade indomada
e impaciência, guiam-me, cega,
no melhor e pior, sem rede ou GPS.
Quero viver cada dois dias em um,
quero que o tempo se desfaça
e siga as minhas instruções
para que o futuro e o presente
possam ser um só...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Grilhões

Sinto o meu presente agrilhoado
por um passado que já não existe.
Estou prisioneira de uma vida
que, embora, terminada há muito,
me quer arrastar para o abismo.
Esta luz que irradio gasta-se
numa escuridão, sólida, densa,
com que luto a cada dia.
Um suicídio a que assisto,
hora a hora, passo-a-passo,
sem forças, ou sequer, vontade
que me permitam pará-lo.
Não quero apagar o que vivi,
quero apenas que me deixem
viver a beleza inigualável
do meu presente...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Amor de dois em sete

De apenas quarenta e oito horas
fazemos a nossa semana!
Passeamos, amamos, rimos...
Com a sofreguidão do novo
e o conforto de algo antigo
- assim somos nós a dois.
Nem sei bem porquê ou como!
Criamos estas memórias partilhadas,
brincando com passado e futuro.
Memórias para os outros dias,
aqueles em que a distância nos vence...
Queria saber vencer o tempo,
poder atrasá-lo, adiantá-lo,
quando te tenho ou me faltas.
Queria saber vencer os kilómetros,
deitar-te a cabeça no meu colo,
e gastar esta ternura infinita.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Distâncias...

Minha doce descoberta,
meu querido, meu amor,
sinto a falta dos teus beijos,
das carícias e abraços.
Sinto falta das palavras,
docemente segredadas,
que me acendem o olhar.
Sinto falta de dançarmos,
esquecidos de tudo o resto,
num ritmo apenas nosso.
Se alguns dias fossem eternos
poderíamos passá-los juntos,
enlaçados em ternura.