quarta-feira, 29 de abril de 2009

Em casa

Quero correr até ti nesta alegria,
atirar os meus braços ao teu pescoço
e beijar-te incessantemente...
Beijos loucos e beijos doces,
sentindo a pele arder,
quase como uma doença.
O coração abandona-me,
rebentando-me no peito!
Falta-me ar, sobeja-me vida.
Passas-me os braços pela cintura
e elevas-me aos céus, sem esforço,
como se me soubesses há muito.
Tens a mesma loucura e doçura...
Tens dois olhares, dois toques,
dois sorrisos, dois quereres.
Embrulho-me no teu corpo,
como um manto de aconchego
e sinto-me em casa, finalmente!

terça-feira, 28 de abril de 2009

You...

Sinto-me louca, doida de paixão!
Um verdadeiro amor adolescente:
grande, terno, inconveniente e lindo.
Não consigo parar de te tocar.
Beijo-te uma, outra e outra vez,
olhando os teus olhos verdes e perco-me!
Deixo de saber o tempo, o espaço
e quero que o mundo pare.
Quero poder ficar assim, em ti.
Quero que a distância se encurte,
os quilómetros se dissolvam
e poder estar contigo agora, já!
Um querer tão forte que sufoca,
acelera o coração vertiginoso
e entontece-me o sorriso...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Morte enunciada

Neste vazio de emoções,
nem consigo rever-me...
Sinto o frio de ser sem estar!
Densa névoa que cresce,
enchendo-me o coração vago.
O negro do luto por mim,
bordando o corpo desfeito,
escurece-me o caminho.
As mágoas nem me tocam
e não existe o que perder...
Apenas vazio, intenso vazio,
alimentado por anos e anos.
Serei o nada em que me tornei
sem a esperança de voltar
a ocupar esta concha vazia.
Acendei uma vela, duas,
por este coração morto, inerte
que não bate por ninguém,
nem sequer por mim...

Fogo frio

O medo tolda-me os sentidos;
quero tanto encontrar-te,
que quase receio que aconteça!
E se tudo não for além de
Uma fantasia maravilhosa?
Que poderei querer depois?
Por que milagre esperarei,
quando novamente só?
Quem me fará depois sorrir,
meu querido deus do fogo?
E se em ti não encontrar mais que
uma amizade estreita e doce,
ao contrário do que me prometem
a intuição e o coração?

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ele

Com um sorriso nos lábios
pelas promessas trocadas
aguardo o momento certo.
Teus olhos verdes fitam-me,
doces, envolventes, hipnóticos,
e não sei dizer-te que não.
Passo os meus dedos
pelo teu cabelo de fogo
e sei que serás meu.
Já o sabia de antes,
antes de nos tocarmos,
antes de nos conhecermos.
Estaremos longe novamente,
maldizendo o tempo e a distância
e imaginar-te-ei aqui, comigo.

domingo, 19 de abril de 2009

Fadas e dragões

Em noites encantadas
paira no ar o mistério,
uma névoa sobe do rio
e acorda as criaturas.
Criaturas boas e más,
fadas, gnomos e monstros
na Lisboa adormecida.
Olhando pela janela,
as ruas calmas e sós,
ninguém adivinharia!
Lisboa tem segredos...
Seres que se escondem
nas sombras de vielas,
sereias que sobem o rio,
dragões que pairam
sobre negras nuvens,
pequenas fadas cintilantes
que salpicam a água de luz.
Ao raiar da madrugada,
todos eles recolhem,
ao lar que os protege
- a minha imaginação!

O sussurrar do coração

Palpites, sonhos, intuições,
um empurrão inexplicável,
que parece vir de dentro...
Conduzida docemente,
sem a análise fria, lógica;
Com passos hesitantes,
num jogo algo arriscado.
Guiada por promessas
sussurradas em voz mágica,
vou apreciando o caminho.
Que maravilhas encontrarei,
nesta viagem inesperada?
Que pessoas e emoções
virão enriquecer-me?
Sigo esta melodia imparável,
sempre inaudível aos demais,
sorrindo, dançando e amando.

sábado, 18 de abril de 2009

Ressuscitando sorrisos

Tão simples recompôr um sorriso!

Ainda que comece por ser esgar,
que se vai rasgando e crescendo,
amor, humor e atenção são a cura.

Quando o silêncio fica abafado,
pelas palavras que se cruzam,
submergimos noutras imagens.

Esta doçura é incontornável,
E o sorriso abre, mais e mais...

Com tiradas inesperadas,
de humor assaz refinado,
o sorriso é, finalmente, riso.
Tanto, que nem conseguimos
sequer recordar o motivo
pelo qual o tinhamos perdido!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Bah para mim!

Na montanha russa que são as minhas emoções, existem pequenos padrões que tenho vindo a reconhecer.
Um deles é o facto de me sentir realmente mentalmente enfraquecida quando a minha saúde me falha. Em dias em que o meu corpo não responde a 100%, o meu cérebro perde a noção das cores e caminha vertiginosamente para um lugar negro, escuro, e torna-me captiva das forças negativas que emana.
É assim que me tenho sentido nos últimos dias... Incapaz de reencontrar a beleza da vida, que apregoava apenas há uma semana!
Caio numa letargia, que me suga as forças que me restam e sinto-me só, excluida do mundo.
A parte racional de mim, que subsiste com algum custo, sabe perfeitamente que o mundo não me está a excluir, que sou eu que me afasto e escondo, mas as emoções não querem saber de lógicas! Sentimo-las e pronto!
A minha grande conquista, nos últimos tempos, foi perceber que não vale a pena lutar contra estes sentimentos. É uma batalha perdida, porque o meu lado irracional tem a força de mil homens, quando contrariado...
O segredo é atacar abaixo. Ajudar o sistema imunológico e o corpo a voltarem ao seu melhor. Aí, estou segura, vou voltar a ter alegria, força e energia! E o meu cérebro saberá voltar a produzir aquelas substâncias químicas que nos fazem sentir bem...
Portanto, vou entupir-me de fruta, vitamina C e tudo aquilo que contribua para me curar. E entretanto estou a ouvir a música mais simpática que aqui tenho, só para tentar que passe uma pequena mensagem subliminar, através da forte barreira de nevoeiro!

Estrelas

Fosse eu uma estrela cadente,
permitindo desejos fervorosos,
cruzando os céus em segundos,
brilhante, bela, para depois morrer.
As cabeças erguidas para me ver,
os deliciosos sorrisos de admiração
apontando-me à minha passagem,
a caminho de um fim prematuro.
Seria procurada, sinal de sorte,
para os que querem algo mais,
e acreditam em pequenos nadas
como verdadeiros sinais de grandeza.
Fosse eu uma estrela cadente,
gasta pelos milhares, milhões,
de anos a cintilar nos céus,
plena de mistério e calor...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Silêncios que gritam

Há dias de cansaço e solidão,
dias em que o tempo amarga,
se arrasta, cresce e revolta
numa aliança com a tristeza.
São momentos vividos a um,
mortos, dolorosos, insistentes,
sem as vozes para os encher
e sem o sono para os gastar.
O sol aparece e desaparece,
numa pirraça insuportável,
juntando o frio a estas forças
que me esmagam a alegria.
Desfio músicas em busca da tal,
a que me vai colorir o dia,
despertando o sol em mim,
e aquecendo por dentro!
Mas nem lentas, fortes,
pesadas, clássicas, infantis,
parecem surtir esse efeito
neste dia de negras emoções.
Hoje, para que me alegrasse,
seria necessário algo mais,
nem creio que saiba o quê
ou se o conseguiria reconhecer...

terça-feira, 14 de abril de 2009

WWW

Passam-se minutos, horas,
sem que me dê conta...
Escrevo, procuro, brinco,
nesta rede virtual de vidas,
ligadas por um propósito
ou somente pela solidão.
Estarei apenas a adiar-me
numa fuga para a frente?
Ou será o sinal dos tempos
a criarem novas realidades?
Amigos, meros conhecidos
ou mesmo desconhecidos,
trocam piadas, tristezas,
palavras de alento, seduções...
Por estas noites dentro,
rindo e chorando sozinha,
sem que me possam ver,
dou apenas partes de mim.
Sem compromissos ou obrigações...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Grafitis

Numa parede branca
deixo-te recados, missivas,
palavras doces, amigas,
que saberão encontrar-te.
Quero que as saboreies,
estas oferendas que faço,
guardando-me na tua alma.
Numa parede branca,
bem à vista de todos,
grito os sentimentos,
grafito-os em cor negra.
Quero que lhes toques,
como se braille fossem,
sentindo-me na tua pele.
Numa parede branca,
que me convida a falar,
escrevo-te canções,
sem qualquer melodia.
Quero que as oiças,
para embalar os sonhos,
que te trazem até mim...

Encontros

Encontros entre estranhos,
cheios de silêncios e pausas,
medem-se gestos, palavras
- os nossos e os dos outros.
Queremos impressionar,
mesmo sem azimutes;
guiamo-nos por palpites,
e imagens que criámos.
Vazias de conteúdo,
as conversas superficiais,
são momentos lúdicos,
apenas por prazer.
E com estes jogos de sedução
plenos de brincadeiras inóquas,
pretendemos enganar a solidão,
criando ténues novos laços...

sábado, 11 de abril de 2009

Páscoa

Na confusão familiar,
de reuniões aguardadas,
misturam-se as vozes,
abraços, riso e carinho.
Matam-se saudades,
na ocasião para comer,
falar, trocar vidas e
aquietar ansiedades.
Sem corre-corre,
sem aqui e agora,
repouso e regalo
o corpo e a alma...
Nestes curtos tempos
amealho no coração
o suficiente para levar,
na volta aos meus dias.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Promessas vãs

Sem o querer,
acabo por cometer
os mesmos erros,
uma e outra vez...

Prometo não tornar,
e esqueço o prometido!

Que inferno me torno,
para mim mesma;
conheço o desfecho
e, ainda assim, avanço.

Penso que terei cuidado
e corro para o perigo!

Sendo, para mim, a pior
das amigas que tenho,
nem sequer dou ouvidos,
ao meu próprio conselho...

Digo-me que saberei,
mas o orgulho acaba ferido!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Deus

Entre eu e o meu Deus,
existem conversas mudas;
este Deus das aflições,
a quem peço auxílio,
quando não há mais nada!
Um Deus que nem sei
se existe, ou se o crio,
mas que me esperança,
quando já não acredito...
Um Deus diferente
de todos os demais,
sem altares,templos
ou mesmo intermediários.
Este Deus é, quiçá, apenas
outro eu, mais forte,
mais lesto e iluminado,
mera forma da sabedoria
que descubro em mim.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ginga

Dancei, dancei, dancei,
até as pequenas gotas
me enfeitarem a testa
num sinal de esforço.
Conto um, dois, três,
a cada toque do pé,
esperando não falhar
a batida da música...
Com um par hesitante,
descobrindo a ginga,
um passo à frente,
agora outro atrás.
Uma voltinha, curta,
para não fazer feio,
seguro-lhe os dedos,
giro e torno a girar.

Chuva

Voltou a chuva, gotas malditas!

A água das nuvens,
deslava sorrisos
e traz carrancas.

Arrastam-se os pés,
nesta fina lama,
e maldiz-se tudo
pela ausência do sol...

O interlúdio solarengo
e a roupa colorida,
culminaram neste
tão odioso desfile
de negros, cinzas,
gabardines bege
e guarda-chuvas!

Frio e feio,
o tempo estristece,
obrigando a forjar
esta falsa energia,
e enganar a vontade
de me aquietar, enroscada,
num qualquer sofá...

Ontem, numa esplanada,
roubei aos raios de sol,
a vontade de viver,
hoje será à dança.

E dançarei para esquecer,
a escuridão, as nuvens,
e o cheiro do alcatrão.

Em passos dançados,
entre voltas e rodopios,
esboço um sorriso,
e acerto, finalmente,
o compasso do coração!

domingo, 5 de abril de 2009

Noites

Em sítios onde já estive,
vejo pessoas, risos, olhares
a mudar com as horas...
Descubro, agora sóbria,
o que antes conhecia ébria!
Rio, danço, salto e canto,
sem pudor ou arrependimento,
porque sei que amanhã recordo.
As horas não são mais vãs,
as memórias estilhaçadas,
meros pedaços de vida;
cada manhã tem vivida,
a lembrança da noite,
a recordação de cada
pessoa, momento, lugar...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Os dias

Cada manhã traz a aventura,
a promessa de novo dia,
neste corre-corre apressado.
Sem tempo para acordar,
em gestos quase sonhados,
visto a pele de gente crescida!

Os dias gastam-se, iguais,
entre obrigações e deveres,
sem sentir o travo da vida...

Finalmente, cada entardecer,
devolve-me a mim mesma,
sem uma idade definida.
Esperando, sonhando,
com novos amanhãs,
intensos, explosivos,
sem a farda cinzenta.
Com a minha escrita
por companheira,
transformando os dias
em luzidios e apetecidos,
espaços de alma.

Sem disfarces ou subtileza...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Estranhezas

Quando o estranho se torna claro
e o que era claro deixa de ser,
sinto-me num corropio.
Os estados de alma girando,
como setas de catavento,
sem Norte ou Sul.
Perco e ganho ideias,
sem conseguir escolher...
Qual teria sido a melhor?
Olhos e mãos agitam-se,
existe em mim este tremor,
energia que não controlo,
que não me dá paz...